A principal hipótese para o assassinato do jornalista Fernando Villavicencio, um dos candidatos à presidência no Equador, é de que ele tenha sido alvo do crime organizado. Em vídeo espalhado pelas redes sociais, um grupo de pelo menos 30 mascarados — vestidos de preto e fortemente armados — anuncia que são integrantes da facção criminosa Los Lobos (a segunda mais numerosa em território equatoriano) e assegura que são responsáveis pela morte do presidenciável.
E quem são Los Lobos? Conforme o site Insight Crime, um dos mais respeitados de análise sobre crimes na América, essa facção tem cerca de 8 mil membros e teria cometido vários massacres em cárceres (mais de 315 detentos mortos apenas em 2021). Ela só perde em tamanho para Los Choneros.
Los Lobos estão envolvido em extorsões do setor mineiro (muito forte no Equador) e, obviamente, no tráfico de drogas. Nesse tipo de crime, Los Lobos seriam o braço equatoriano de um dos mais poderosos cartéis do México, o Jalisco Nueva Generación (CJNG).
Já Los Choneros são a extensão equatoriana do Cartel de Sinaloa, mundialmente famoso por ser liderado pelo mexicano El Chapo Guzmán, o homem que fugiu duas vezes de penitenciárias de segurança máxima.
Nos vídeos, os mascarados que se intitulam Los Lobos dão "boa noite ao povo equatoriano" e dizem que assassinaram Villavicencio porque ele não cumpriu a promessa de ajudá-los, após receber dinheiro para financiar sua campanha à presidência. "Recebeu milhões de dólares e não honrou sua palavra", resumem os homens vestidos de negro.
O próprio Villavicencio tinha denunciado, dias atrás, ameaças recebidas do crime organizado. Mas é bom encarar com reservas essa afirmativa, até porque o morto não está mais aí para defender sua honra. O jornalista era um homem com muitos inimigos, sobretudo na política.
Ele se elegeu deputado federal na esteira da Lava-Jato do Equador. Tinha adversários políticos à esquerda, como o ex-presidente Rafael Correa, centro-direita (Lenín Moreno) e à direita, como o atual presidente, Guilhermo Lasso.
É muito possível que supostos integrantes de um cartel finjam ter doado dinheiro à campanha de Villavicencio, apenas para manchar sua reputação. O que fica claro é a petulância dos criminosos em irem às redes divulgar seu suposto feito.