Dois episódios de violência envolvendo policiais marcaram presença na mídia esta semana. Um deles ocorreu em Novo Hamburgo. Soldados do 3º Batalhão de Polícia Militar imobilizaram uma mulher, esposa do dono de um bar. Algemaram e perguntaram onde estavam as drogas. Como ela não respondia, colocaram um saco plástico na cabeça dela, para asfixiá-la. Caso clássico de tortura.
E tortura é um dos enquadramentos que a Brigada Militar deu ao caso, remetido com rapidez fantástica para a Justiça. Entre o recebimento do vídeo que mostra a mulher sendo asfixiada e o envio da investigação para o Judiciário, a BM levou apenas quatro dias.
Em 38 anos de profissão, não lembro de inquérito (civil ou militar) que tenha tramitado tão rápido.
Ajuda o fato de o crime ter sido filmado. De quebra, os soldados vão responder também por extorsão, porque teriam tentado obter vantagem com a prisão. Parabéns à Brigada Militar.
Não confundir este caso com outro episódio, registrado em Gramado, nas celebrações de Ano-Novo. Um bando de desordeiros movidos a álcool e sabe-se lá mais o que promoveu algazarra e quebra-quebra na cidade turística. Jogaram garrafas uns nos outros, derrubaram mesas, amedrontaram transeuntes. Chamada, a Brigada Militar agiu com energia.
As filmagens mostram um dos valentões chamando os policiais para a briga. Chamou e levou. Um dos PMs o derruba e desfere uma saraivada de socos. Logo, outros PMs ajudam a bater nesse e em outros desordeiros, inclusive com cassetetes. Os baderneiros são detidos.
O reparo que pode ser feito é quanto a um possível excesso de violência dos policiais. Vários contra um, em determinado momento. Mas a ação enérgica dos PMs se justifica, se olhada a ocorrência como um todo. Os desordeiros estavam quebrando tudo por ali e ainda desafiando os policiais a agir. Provaram do próprio remédio. Agora é o caso de a Corregedoria verificar excessos individuais dos brigadianos. Mas não há termo de comparação com o que aconteceu em Novo Hamburgo, caso claro de tortura.