A Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa recebeu relatos de policiais militares a respeito de sobrecarga de trabalho e condições precárias de serviço. As narrativas foram compiladas pela deputada estadual Luciana Genro (PSOL), que é integrante da comissão. Este colunista também foi procurado por soldados, sobretudo os novos contingentes formados há pouco pela BM. As reclamações são confirmadas pela diretoria da Associação Beneficente Antonio Mendes Filho, dos servidores de nível médio da Brigada Militar (Abamf).
Todas dizem respeito a Porto Alegre e falam de escalas de trabalho extenuantes. Um dos queixosos, numa síntese das reclamações recebidas, assegura que os policiais têm sido obrigados a ficar em pontos estratégicos, em pé, por 12 horas, com quase 10 quilos de equipamentos no corpo (colete balístico, armas e equipamentos de defesa). Ele diz que os intervalos entre jornadas não têm sido respeitados e que muita gente é obrigada a ficar na chuva, ao lado da viatura policial, para dar "visibilidade" ao policiamento.
Os PMs também reclamam que, para ir ao banheiro, precisam ser rendidos por outros colegas, o que nem sempre é possível. E consideram isso humilhante.
A deputada, em nome da comissão de Segurança, fez pedido de explicações ao Comando da BM. O presidente da Abamf, José Clemente Corrêa, confirma que recebeu o mesmo tipo de queixas, sobretudo dos novatos. E diz que sobrecarga nas horas de serviço é rotina há décadas na BM, mas que a situação não é resolvida.
Ouvimos o comandante da BM, coronel Claudio Feoli. Ele confirma ter orientado as patrulhas da BM a se posicionarem em postos-base nos pontos nevrálgicos da Capital — principais entroncamentos viários, nas áreas centrais e na periferia. E não por motivos eleitoreiros, como insinuam os PMs queixosos, mas em decorrência do agravamento da guerra do tráfico em Porto Alegre.
— Temos de providenciar segurança e também mostrar que estamos presentes nos principais pontos. Isso inibe a criminalidade — pondera Feoli.
A respeito de excesso de serviço, o comandante diz que 12 horas é uma rotina usual para policiais motorizados e seis a oito horas, a pé. E promete verificar se estão ocorrendo abusos. Quanto aos 10 quilos de equipamento, Feoli lembra que esse é o peso padrão para qualquer policial em serviço. Isso porque ele precisa carregar equipamentos de proteção individual (EPI).
As queixas serão analisada pelo Comando da BM, promete Feoli.