Rai Duarte acordou do coma. Achou que tinha se acidentado de moto. Só depois, vagarosamente, foi lembrando que tomou uma surra após o jogo do seu time, o Brasil de Pelotas, contra o São José, em Porto Alegre. Ele assegura que foi espancado por PMs, o que é corroborado por testemunhas.
Foram 47 dias na UTI. No relato dado ao colega Pedro Petrucci, de GZH, Rai diz que foi pego num ônibus de torcedores do Brasil e levado para uma salinha, onde foi duramente espancado.
Não tenho motivo para duvidar de Rai, que aliás, é ex-PM (temporário). Sozinho é que ele não se feriu com gravidade (tem um corte no intestino que provocou sequelas e o coma). Ele jura que não foram torcedores adversários que o espancaram e sim os policiais. De nada adiantou se dizer colega.
O inquérito policial militar a respeito ainda não foi concluído, mas quatro policiais estão afastados pela BM por suspeita de terem espancado Rai e outros são investigados. Tudo indica que o torcedor pelotense foi vítima da “Pedagogia do Porrete”, como alguns PMs gostam de definir a tática usada para amansar brigões. Ou “Pedagogia do Pau”.
É um costume tão antigo quanto as polícias. Convenhamos que, por vezes, é necessária força física para conter baderneiros. Isso ocorre frequentemente em estádios. Quando duas torcidas brigam, a separação delas não se dá com flores e sim com atitude enérgica por parte dos policiais. Para isso existem os pelotões de choque: impedir agressões a inocentes e depredação do patrimônio, público ou privado.
Outra coisa, bem diferente, é pegar um sujeito que não está numa briga e moer ele a pancadas. Ou, vá lá que ele tenha dourado a pílula, pegar alguém que participou da briga, mas quando ela já está encerrada. E aí dar um laço nele, na base da porretada. O nome disso é tortura. A ver se existem imagens do episódio e se surgem mais testemunhas a corroborar o que disse Rai.