Setenta e cinco dias após ser agredido e hospitalizado, o torcedor do Brasil-Pel Rai Duarte prestou depoimento para a corregedoria-geral da Brigada Militar e o Ministério Público, que investigam o caso, nesta quinta-feira (14). A oitiva durou aproximadamente uma hora.
Foi montada uma estrutura especial dentro do Hospital Cristo Redentor, onde o pelotense está internado desde o ocorrido. Ele teve a companhia de sua mãe, Marta Cardoso, a única autorizada a estar no quarto. A corregedoria-geral da BM foi encaminhada de colher o depoimento presencialmente. Os policiais deixaram o hospital às 16h25min e devem se manifestar por meio de nota ainda nesta quinta-feira.
O advogado de Rai, Rafael Martinelli, acompanhou o depoimento em videochamada, assim como o promotor do Ministério Público Marcos Centeno.
— Rai demonstrou estar em capacidade plena de relatar o ocorrido e lembrou de detalhes que serão importantes para conclusão do inquérito. Ele deixou claro as informações que complementam os demais depoimentos, como o fato de ter recebido de socos e chutes de uma série de policiais, que se revezavam, por aproximadamente 30 minutos. O deslocamento do estádio para o hospital ele relatou não se lembrar, por conta dos desmaios — comentou Martinelli.
Em reta final de recuperação do corte no intestino ocasionado pelas pancadas, o depoimento de Duarte foi autorizado pelos médicos que fazem seu tratamento. Suas declarações são consideradas cruciais para a conclusão do inquérito que investiga as causas da violência que sofreu após a partida do Brasil-Pel contra o São José, em 1º de maio, válida pela Série C.
Depois de 47 dias na UTI, em estado grave, sendo submetido a quatro cirurgias, o torcedor foi transferido para o leito da enfermaria em 16 de junho. Realizando duas sessões de fisioterapia por dia, ele restabeleceu a fala e uma série de movimentos do corpo.
No cronograma de recuperação há mais uma cirurgia. Sendo assim, o torcedor do Brasil-Pel deve permanecer hospitalizado até setembro.
Relembre o caso
Doze torcedores do Brasil-Pel foram detidos pela Brigada Militar após uma briga entre a torcida do Xavante e a do São José no Estádio Passo D'Areia. Entre eles estava Rai Duarte que, desde então, está internado em estado grave na UTI do Hospital Cristo Redentor, sob sedação e ventilação mecânica. Testemunhas afirmam que ele foi agredido por PMs em um espaço dentro do estádio, assim como os demais presos.
Afastamento de policiais
No início de junho, a Brigada Militar confirmou afastamento de policiais envolvidos nas supostas agressões a Rai Duarte. Dos 17 brigadianos integrantes da Força Tática do 11º Batalhão de Polícia Militar que estavam sendo investigados, 11 deles foram agregados na Sede do Comando de Policiamento da Capital (CPC). Eles estão fora de serviço e à disposição da Corregedoria-Geral da Brigada Militar, que está conduzindo a investigação com acompanhamento do Ministério Público.