Acaba de sair um estudo chamado “A economia do comércio ilegal de tabaco no Brasil”, realizado pela consultoria Oxford Economics, uma consultoria inglesa que emprega mais de 200 economistas. O levantamento aponta que o contrabando de cigarros fez com que o país e suas indústrias e comércios legais deixassem de gerar 173 mil novos empregos (entre diretos e indiretos).
O estudo calcula que dois em cada três cigarros consumidos no Brasil são ilegais — contrabandeados ou produzidos em fábricas clandestinas dentro do próprio país, pirateando marcas e sem pagar impostos. Há inclusive uma fidelização das marcas ilegais por parte dos consumidores: mesmo sabendo que são piratas, eles as consomem.
Os clientes não compram cigarro pirata porque gostam, mas porque custa menos. A marca legal mais barata no Brasil é três vezes mais cara que marcas do Paraguai, aponta a consultoria Oxford. Um maço que custa R$ 7,51, legalizado, sai por R$ 3,44 se for pirateado.
O mapeamento usa dados de 2019 (anteriores à pandemia de coronavírus) e mostra que, para além da perda na arrecadação de impostos, o contrabando de cigarros aniquila empregos. Caso as marcas contrabandeadas fossem substituídas pela produção nacional, o país geraria R$ 1,3 bilhão em receitas fiscais adicionais (associadas ao emprego e à atividade sustentada), postos de trabalho formais e uma contribuição adicional de R$ 6 bilhões ao PIB, aponta o estudo da Oxford Economics.
— A expansão contínua do comércio ilegal apresenta uma tendência preocupante porque não impacta, somente na arrecadação de impostos, mas em empregos diretos aos brasileiros — resume Delcio Sandi, diretor de Relações Externas da BAT Brasil, uma das indústrias retratadas no estudo da Oxford Economics.
E por que o Brasil? Porque ele é o segundo maior produtor de tabaco no mundo, atrás apenas da China. O mercado legal de cigarros gera 251,4 mil empregos em território brasileiro, sendo 186 mil empregos diretos, nas fábricas de tabaco, distribuidores de cigarros e de cultivo. Esses últimos respondem por 94 mil trabalhadores.
Nunca é demais lembrar que a Região Sul (com preponderância do Rio Grande do Sul) concentra 95% do cultivo e produção da folha de tabaco no país. É, portanto, além de um problema brasileiro, um dilema pior ainda para os gaúchos. Menos mal que, na pandemia, a menor circulação de pessoas também trouxe um recuo no contrabando nas fronteiras com o Brasil. As entidades setoriais calculam que a pirataria de produtos diminuiu 1,2% em 2020.