Dois fenômenos do submundo se completam no bairro Umbú, alvo de uma das maiores operações da história da Polícia Civil, desencadeada em Alvorada na manhã desta quarta-feira (16). O primeiro deles é que uma facção resolveu se adonar de nada menos do que 18 condomínios populares, do projeto Minha Casa Minha Vida. O segundo fato, decorrência do primeiro, é que divergências ou desobediências aos ditames do bando criminoso resultaram em homicídios.
A reportagem de GZH já mostrou pelo menos quatro vezes, nos últimos cinco anos, como o Minha Casa Minha Vida se tornou alvo de criminosos profissionais. Eles compram apartamentos a baixo custo para esconder ali integrantes da quadrilha e seus afilhados. Quando o morador não aceita, é expulso. Em alguns casos, é assassinado com crueldade, como aconteceu com uma moradora que devia dinheiro de drogas, em Alvorada.
As facções enxergam no programa Minha Casa dois benefícios. Um deles é a maneira eficaz e barata de lavar dinheiro. O outro é que as quadrilhas podem exercer ali domínio territorial, sonho de toda agrupação criminosa de bom tamanho. Muito bandido brasileiro ambiciona o sucesso dos traficantes cariocas, que há pelo menos cinco décadas são os chefes incontestados nas favelas.
Quando alguém contesta, começam os banhos de sangue. Não por acaso, Alvorada tem a maior taxa de homicídios do Rio Grande do Sul: 46 por 100 mil habitantes. Já foi pior, 112 por 100 mil. Óbvio que a guerra interna e externa patrocinada por facções está por trás dessas mortes.
Por isso, a importância de ações como a desencadeada pela Polícia Civil nesta quarta-feira. Que peneiragens como essas se repitam em outros condomínios, Estado afora.