O juiz paranaense Sergio Moro, famoso pelo peso das penas que impõe e pela rapidez da caneta, ultrapassou seus próprios padrões de velocidade na sentença imposta ao ex-presidente da Câmara Federal e ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB). Cinco meses e 10 dias depois de mandar prender o ex-parlamentar, o magistrado condenou o peemedebista a 15 anos de prisão.
O motivo é que Cunha teria recebido propina em contrato da compra do campo petrolífero de Benin, na África, pela Petrobras, em 2011.
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É preciso ressaltar que Moro já tinha sido rápido - incrivelmente veloz - ao decretar a prisão preventiva de Cunha, em 19 de outubro passado. É que o processo para julgamento do ex-deputado tinha chegado às mãos do juiz paranaense apenas seis dias antes, em 13 de outubro.
Pois Moro, titular da 13ª Vara Federal de Curitiba, levou menos de uma semana para decidir e mandar prender o homem que até meses antes tinha sido o mais poderoso parlamentar da Câmara dos Deputados, casa que presidia, inclusive.
Durante meses, ao longo de 2016, Moro foi criticado por simpatizantes do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por ter determinado a condução coercitiva (num camburão policial) daquele político. E, também, por ter liberado conversas entre Lula e a então presidente Dilma Rousseff.
Os petistas criticavam a dureza das ações contra Lula, enquanto um dos maiores adversários do ex-presidente, Eduardo Cunha - denunciado em investigações por corrupção - permanecia sem prisão e sem sentença.
Pois tudo mudou com rapidez. Ao ser cassado e perder o mandato parlamentar, Cunha teve seus processos enviados para o juizado de Moro. E o juiz, como que a calar os críticos, foi mais rápido que o habitual.
Prendeu em seis dias e condenou em menos de seis meses o ex-deputado, que muitos consideravam inatingível pela Justiça. Uma demonstração de força do magistrado, sem dúvida.