Na Síria não há mocinhos – ou, se eles existem, é difícil identificá-los. Mais uma vez, isso fica comprovado pelo relato do repórter britânico Anthony Lloyd, que conheci na guerra civil da Líbia e por quem fui ajudado.
Lloyd é hoje o mais experiente correspondente de guerra britânico. Cobre guerra há 25 anos. Começou na Bósnia e suas últimas incursões foram à Síria, onde morou.
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Em 2014, foi detido por um grupo de rebeldes sírios, junto com um fotógrafo do The Times, onde ambos trabalham. Foi exigido um resgate pela dupla. Os dois tentaram fugir, foram recapturados, espancados e Lloyd levou dois tiros. Sobreviveu e foi resgatado por outro grupo rebelde – uma aventura digna de filme.
Pois Lloyd assistia na semana passada um vídeo sobre a ofensiva de rebeldes sírios contra uma vila dominada pelo Estado Islâmico (EI). Eis que, no meio das filmagens, ele identifica seu captor, Hakim Abu Jamal. O sujeito trabalha para um grupo financiado pela CIA (agência de contra-espionagem norte-americana) para combater extremistas do EI. Leia aqui a desventura de Lloyd.
Ou seja, aliados dos EUA também estão envolvidos em ataques a cidadãos ocidentais. Se fosse ficção, ninguém acreditaria. É real.