É gratificante ver soldados da Força Nacional e PMs lado a lado, patrulhando as ruas de Porto Alegre. Passa sensação de segurança - e a ideia das autoridades é essa, mesmo. Tomara que entrem nas vilas tanto quanto têm atuado na região central da cidade, que nunca vi tão policiada.
Mas há uma questão que incomoda. Recebi de uma policial militar um desabafo. "Como distinguir quem são PMs e quem são os da Força Nacional? Fácil. Além da farda camuflada, os da Força Nacional recebem em dia. E bem mais que o policial militar gaúcho", ironiza ela.
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É verdade. Longe de nós, cidadãos, querer estimular rivalidades entre os fardados, até porque quem sai ganhando é o bandido. Mas os integrantes da Força Nacional que chegaram a Porto Alegre ganham em média R$ 7 mil em diárias adicionais por atuarem em outro Estado, afora o salário.
Já os PMs gaúchos receberam R$ 800 nesta quarta, como parte do salário devido. Lógico que o governador não quer pagar só isso, mas repete a cada dia: o Estado está quebrado. Situação difícil. O ideal é que surgissem alternativas para esse dilema dos desiguais entre os iguais. Será que o governo federal poderia dar uma ajuda de custo aos PMs, como concede aos da Força Nacional de Segurança? Dinheiro-extra existia, como o da Bolsa-Formação dos tempos do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci). Hora de pensar em alternativas nos tempos de crise. Como no Judiciário e MP os salários não são parcelados (que bom), esses poderes também poderiam sugerir providências capazes de manter a dignidade dos policiais (militares e civis), pagando em dia. Sem salário, não dá.