A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
A onda de frio que ronda o Rio Grande do Sul chegou também no Mato Grosso do Sul. Mas, apesar da temperatura semelhante, com mínimas próximas dos 5ºC, imagens que circulam nas redes sociais mostram bovinos e zebuínos mortos de hipotermia em alguns municípios no Centro-Oeste. Algo que, aqui, é menos comum.
De acordo com o professor de Bioclimatologia Animal da UFRGS, Júlio Barcellos, é mais raro os animais no Sul morrerem de frio justamente pelas raças que são criadas aqui. Enquanto no Estado prevalecem as europeias, com pelo mais grosso, no Centro-Oeste, é comum o zebu, de origem indiana.
— E os zebuínos têm pouco pelo e pele clara. Isso faz com quem não consigam reter calor no corpo pela radiação solar — acrescenta Barcellos, que também é coordenador do Núcleo de Estudos em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e Cadeia Produtiva (NESPro).
O diretor-presidente da Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro), do Mato Grosso do Sul, Daniel Ingold, também lembra que a onda de frio ocorreu no Pantanal, em uma área descampada:
— Onde os animais normalmente estão em campos abertos, sem possibilidade de se defender de uma onda de frio dessas. No ano passado, chegou a 4 mil mortes.
Diante dessa fatalidade, o Iagro chegou, inclusive, a emitir alertas climáticos aos pecuaristas. A ideia é que os criadores consigam proteger os seus rebanhos a tempo de uma nova onda de frio.
Até o momento, foram identificados 62 óbitos em Tacuru e 31 em Iguatemi, no sul de Mato Grosso do Sul.
Calor é mais fatal
No entanto, o professor da UFRGS afirma que "é mais fácil bovino morrer de calor do que de frio":
— Em áreas muito frias, os animais chegam perder a pontinha da orelha e da cauda por necrose, mas não morrem.