Sem receitas extras que justifiquem uma mudança de panorama nesta quarta-feira (02), o pacote do Plano Safra 2024/2025 que será divulgado promete confirmar uma tendência dos últimos 11 anos. No montante de recursos apresentado, a maior cifra deverá ser de financiamentos com os chamados juros livres, ou seja, que não têm taxas determinadas e não contam com participação financeira do governo federal. E o que isso quer dizer? Apenas que é preciso entender os números que compõem o pacote.
Apurações prévias extraoficiais apontam para um total de R$ 582 bilhões a ser anunciado. Valor que, conforme reportagem da revista Globo Rural, também deverá incluir, pela primeira vez, as chamadas cédulas de produto rural (CPRs) direcionadas.
Ainda não se sabe quanto do recurso total do Plano Safra será com juro controlado – em que há a participação da União na forma de subvenção. Desde a década de 1990, o dinheiro emprestado nos financiamentos rurais tem como fonte os depósitos compulsórios e a caderneta de poupança dos bancos. No caso de recursos controlados, as regras são definidas pelo governo. Que entra com subsídio na equalização (diferença entre o custo de tomar e o de emprestar o crédito) e/ou nos custos administrativos e tributários.
Dados compilados pela assessoria econômica da Federação da Agricultura do Estado (Farsul) a partir da Matriz de Dados do Crédito Rural, do Boletim de Finanças do Agro do Ministério da Agricultura, mostram que do crédito liberado no Plano Safra 2023/2024, até 30/06, o de juro controlado representou 32% do total. Também apontam que a tomada de recursos livres cresceu 31% na comparação com o ciclo anterior, ao passo que as de taxa controlada, caíram 12%.
Em tempo: embora o governo tenha sinalizado que o pacote de socorro aos produtores gaúchos afetados pela catástrofe climática virá em outro momento, espera-se um olhar especial para o RS no Plano Safra a ser apresentado em dois momentos distintos, um para agricultores familiares e um para os demais.