Com 17% da área plantada com arroz ainda por colher, é fato que a atual situação do Rio Grande do Sul terá impacto sobre a produção. No momento, no entanto, é a dificuldade logística que impede o escoamento do produto, que tem no Estado o maior produtor nacional, para outras regiões do país. Por conta disso, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, disse, em reunião nesta terça (7), que o Brasil deve importar cerca de 1 milhão de toneladas para garantir o abastecimento:
— Se torna importante, acho que a Conab vai importar um pouco de arroz do Paraguai. É prudente fazer isso.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também falou sobre o tema, e incluiu o feijão na relação de itens que deverão ser buscados em outros locais.
— Com a chuva, acho que atrasamos de vez a colheita do Rio Grande do Sul. Se for o caso, para equilibrar a produção, a gente vai ter que importar arroz e feijão para que se coloque na mesa do povo brasileiro um preço compatível com aquilo que ele ganha — afirmou o presidente.
O tema da importação é um ponto sensível em um momento como o atual, em que há propriedades devastadas pelo clima, com produtores tendo acumulado passivo de duas estiagens consecutivas e agora, em muitos casos, perdendo tudo para as águas. Há temor de efeito negativo sobre as cotações.
— Precisamos ter uma visão holística do Brasil. Um milhão de toneladas não fará o preço derreter. A preservação do produtor será feita em todas as medidas — reforçou Fávaro.
Presidente da Federação a Agricultura do Estado (Farsul), Gedeão Pereira, pontua que o grande problema em relação ao arroz é mesmo a logística, visto que cerca de 70% da área cultivada foi colhida. Mas sem as vias para o transporte fica difícil enviar o produto:
— Nosso problema agora é logística. O Rio Grande do Sul é o grande abastecedor (de arroz) do Brasil e eles estão se antecipando.
Como a importação de arroz de países como Uruguai, Argentina e Paraguai já existe, o dirigente avalia que a medida não tenha poder de derrubada do preço (ao produtor). A Farsul encaminhou para o governo federal, a pedido do ministro, a proposta de medidas consideradas essenciais para amenizar o estrago no campo.
No curto prazo, a mais importante seria a prorrogação de todos os vencimentos de financiamentos de custeio e de investimento.
— Existe um Rio Grande do Sul a ser construído. Temos fazendas inteiras debaixo d'água, silos alagados, máquinas levadas pela água — relatou o economista-chefe da Farsul, Antônio da Luz.