A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
É tempo de pinhão no Rio Grande do Sul e, em Porto Alegre, produtores da Serra já começam a abastecer as feiras ecológicas da Redenção com a sua colheita. A projeção das três famílias produtoras é de levar às bancas a partir do próximo sábado pelo menos 160 quilos por semana. Volume 30% menor do que o comercializado no ano passado.
Apesar da oferta local reduzida, a procura pela semente típica da estação já está em alta, relata o agricultor Gabriel Zanotto, da banca 171 e 173:
— Na última semana, levamos 60 quilos e vendeu bem rápido. Só nós na feira tínhamos pinhão. Nas próximas, vamos levar cem quilos.
De Ipê, na Serra, a família Zanotto é uma das três das feiras ecológicas da Redenção que colhem pinhão nesta época. Com araucárias e erva-mate, o seu cultivo é associado a um sistema agroflorestal, de mata nativa. De acordo com Gabriel, é um “casamento perfeito”:
— Uma é bem alta e a outra, bem baixa. Não há disputa por luz.
O fato de serem cultivadas em um “ambiente ecologicamente equilibrado”, como é a floresta, possibilita uma “produção também mais equilibrada”, explica Gabriel. Sem altos e baixos.
Veja abaixo como é feita a colheita de pinhão na propriedade dos Zanotto.
Além dos Zanotto, a Orgânicos Pontel levará entre 20 e 30 quilos por semana e a Orgânicos Righez, 40 e 50 quilos. O preço deve girar em torno de R$ 15 o quilo.
Safra gaúcha
A expectativa, neste ano, é de uma safra de pinhões "com bom tamanho e sanidade", de acordo com Adelaide Ramos, engenheira florestal no Escritório Regional de Caxias do Sul da Emater. Na região de Caxias do Sul, a projeção é de uma produção 10% a 20% maior, especialmente nos Campos de Cima da Serra. Em municípios como Canela e Gramado, no entanto, a estimativa é de quebra de 15% a 30%.
— Devido principalmente às condições climáticas ocorridas no período de reprodução e desenvolvimento do pinhão, em especial às estiagens que vêm se repetindo nos últimos anos, chuvas excessivas no final do inverno e primavera, aliada à alternância de produção, que é uma característica da espécie — explica Adelaide.
A colheita, transporte, comercialização e armazenamento das sementes no Rio Grande do Sul foram liberados no dia 1º de abril, conforme a Lei nº 15.915/2022, que regulamenta o assunto. Antes disso, além de impróprio para o consumo, por não estar suficientemente maduro, o pinhão serve de alimento para dezenas de espécies de animais, entre aves e mamíferos, que ainda ajudam a dispersar as sementes, resultando em novas araucárias.