A uma semana para o fim do período de defeso do pinhão no sul do Brasil, nesta segunda-feira (25), a safra não empolga os produtores do RS. Segundo a Emater, a produção gaúcha será de cerca de 200 toneladas em 2024, o que representa uma quebra de até 80%. Em anos normais, o Rio Grande do Sul produz cerca de mil toneladas da semente que é parte da culinária gaúcha.
Apesar dos Pinheiros-brasileiros (Araucária angustifolia), árvore nativa do RS, já apresentarem pinhas, a produção foi prejudicada pelas estiagens que atingiram o estado em 2021 e 2022, e pelo excesso de chuvas, no ano passado. Nesse caso, as condições climáticas afetaram diretamente as sementes, que levam, em média, três anos para se desenvolver.
Nesta safra, as pinhas devem ter de 50 a 60 pinhões, quando normalmente deveriam ter 120, explica o extensionista rural da Emater e engenheiro agrônomo Ilvandro de Melo. Além da estiagem, o excesso de chuva do ano passado reduziu o número de horas-luz e interferiu no processo de fotossíntese dessas árvores, causando o abortamento das pinhas.
— Dificilmente vamos ter uma situação tão complicada com relação às intempéries climáticas. A tendência é que haja normalidade só a partir de 2026 — disse Melo.
— Temos que disputar com alguns roedores, com papagaios e gralhas que comem (as pinhas) também, que precisam. Não tenho dúvida que vai ser bem escasso, vai faltar pinhão — relatou o agricultor Luís Paulo Pol, de Marau.
Mesmo com forte quebra, em alguns pontos a recuperação começa a andar em passos lentos. Na Serra, o município de São Francisco de Paula, que é o maior produtor gaúcho de pinhão, já espera ver recuperação. Segundo o escritório da Emater, existe uma boa perspectiva em comparação ao ano passado.
Operações de fiscalização
Mesmo com a quebra na safra, o Batalhão Ambiental da Brigada Militar (BABM) mantém operações de fiscalização. O objetivo é assegurar o período de defeso, que vai até 1º de abril.
O capitão do 3º BABM em Passo Fundo, Jeberton Dalmora, aponta que o período tem importância na manutenção das araucárias, que está ameaçada de extinção.
— O período de defeso pensa leva em conta os animais que fazem uso da semente para se alimentar e o fato de ser uma árvore ameaçada de extinção, uma vez que a semente é o fruto que vai proporcionar a proliferação das espécies — explica.
Quem for flagrado colhendo e ou vendendo pinhas e pinhões antes de 1º de abril pode ser multado em até R$ 1 mil.