A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Vem do Litoral Norte uma boa notícia em tempos de preocupação com mudanças climáticas. Uma pesquisa feita pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) mostrou que é possível produzir alimento e, ao mesmo tempo, mitigar a emissão de carbono na atmosfera. Em um ano, oito sistemas agroflorestais, que envolvem cultivos agrícolas – neste caso, banana e juçara – associados à mata nativa, armazenaram 4 mil toneladas de gás carbônico no solo da região. Mesmo volume de resíduos gerado, por exemplo, no município de Três Cachoeiras em 2022, conforme dados do Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG).
Para André Luiz Gonçalves, coordenador do Centro Ecológico, ONG de assistência técnica e extensão rural, a importância de trabalhos como esse está na “bandeira que é levantada”:
– Parte da solução da mitigação das mudanças climáticas precisa ser considerar sistemas agrícolas mais sustentáveis. E o agroecológico é um deles, capaz de produzir alimentos e, ao mesmo tempo, conservar a natureza.
Professor do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Florestal da UFSM, Lúcio Amaral, que orientou a pesquisa, explica:
– A propriedade acaba reunindo uma diversidade de espécies capaz de proteger o solo e, consequentemente, de manter o carbono estocado por mais tempo no solo.
Para os cálculos na pesquisa, foram usadas imagens de drones e satélites e foi medida a circunferência das árvores da agrofloresta definida como referência, em Morrinhos do Sul.
Financiada pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, a pesquisa encerrou em 2023, mas o Centro Ecológico já sinalizou à UFSM que deve ser continuada.
Saiba mais
- Financiada pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, a pesquisa encerrou em 2023, mas o Centro Ecológico já sinalizou à UFSM que deve ser continuada
- Atualmente, 300 hectares de agroflorestas no Litoral Norte são certificadas pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente — o que configura o direito do produtor fazer o manejo da mata nativa para mantê-la