Uma safra nacional menor e uma estadual maior. Esse é o resultado apontado pelo sétimo levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado nesta quinta-feira (11). Os efeitos climáticos do El Niño sobre a produção de regiões como a Centro-Oeste, onde causou escassez de chuva, aparecem como justificativa para a colheita de grãos 8% menor no Brasil, que estima-se agora em 294,1 milhões de toneladas.
O fenômeno teve influência negativa do plantio às fases de desenvolvimento das lavouras nas regiões produtoras do país, impactando na produtividade média, conforme a Conab. Na soja, o volume deve encolher 5,2% na comparação com o ciclo passado, somando 146,52 milhões de toneladas. Nesse caso, pesou o fator estiagem e temperaturas acima do normal no Centro-Oeste e Sudeste, levando a perdas na produtividade. Cenário oposto ao do Rio Grande do Sul.
Os gaúchos terão uma safra de recuperação, após duas safras consecutivas sob impacto da falta de chuva, com a produtividade média da soja projetada em 3,28 mil quilos, o que representa aumento de 65,2% sobre o ano passado. Com isso, o volume total do grão soma 21,89 milhões de toneladas, um crescimento de 68,1%. Resultado que coloca o RS de volta à segunda posição no ranking nacional, atrás apenas do Mato Grosso (que tem volume muito superior, mesmo com a quebra registrada). E, dada a representatividade da cultura no total da produção de verão, também alça o RS à segunda colocação como maior produtor de grãos do país.
— O que acontece nesta safra é uma recuperação de produtividade, afetada nas duas últimas por conta do La Niña. E o RS recupera o posto de segundo maior produtor. Isso não acontece desde 2020/2021. Também em virtude de o Paraná ter sofrido um pouco mais de intempéries neste ano, resultando em quebra de produtividade na soja — explica Fabiano Vasconcellos, gerente de Acompanhamento de Safras da Conab.
Não há, no entanto, mudança quantos aos dados da soja no Estado em relação ao levantamento divulgado em março. Conforme Vasconcellos, o progresso de safra na última segunda apontava que 16% da área com o grão havia sido colhida no Estado. A metodologia utilizada pela Conab é de modelagem estatística, com análise de clima, informações de campo tanto subjetivas quanto objetivas, permanecendo neste levantamento inalterada, explica ele.
— Após duas safras consecutivas de perdas na produção de algumas das principais culturas no Estado, as condições da safra atual têm sido significativamente melhores e devem fazer com que a produção, em especial de soja, milho e feijão, retorne a patamares dentro da normalidade — reforçou o presidente da Conab, Edegar Pretto.