Prestes a completar um ano com um cenário de preços recebidos menores do que os custos da atividade, produtores de leite do Rio Grande do Sul pedem urgência na adoção de iniciativas que aplaquem a crise. O pedido por ações do governo do Estado, que havia sido colocado no lançamento da Expoleite e da Fenasul, foi reforçado pela Associação dos Criadores de Gado Holandês (Gadolando). A entidade deve intensificar as mobilizações.
— Fomos o primeiro Estado a se mexer, lá na Expointer, com aquela faixa, mas aqui andou devagar a coisa. Tem de ser feita alguma coisa. É um setor em que mais de 50% dos produtores pararam em 10 anos, com um aumento dessa desistência nos últimos meses — diz Marcos Tang, presidente da Gadolando.
A faixa a que se refere foi exposta durante a Expointer e carregada no desfile das campeãs, no ano passado. Trazia a frase Estão matando os produtores de leite. Será difícil recuperar o setor, já em um alerta para o aprofundamento da crise em razão do aumento expressivo das importações de lácteos do Mercosul. Tang tem citado o exemplo de Minas Gerais, Estado que é o maior produtor de leite do país, e que publicou decreto suspendendo benefícios fiscais aos importadores do produto.
— É urgente que se faça alguma coisa. Outros Estados estão fazendo e, se não fizermos, ficaremos para trás — reforça.
Presente no lançamento da Expoleite e da Fenasul realizado na semana passada, o vice-governador do RS, Gabriel Souza, disse à coluna que levou o pedido à Secretaria Estadual da Fazenda, que realiza estudo para apresentar ao governo:
— Pedi máxima celeridade.
O Paraná anunciou que, a partir de 1º de maio, passará a cobrar ICMS no leite em pó e de queijo muçarela importados.
— No curto prazo, vamos cobrar 7% de ICMS. A gente não consegue ter um custo competitivo, e a importação afundou de vez (o setor) — diz Norberto Nortigara, secretário de Agricultura do Paraná.
Ao mesmo tempo, está na Assembleia paranaense uma lei que tira o leite em pó e a muçarela importados da cesta básica, o que abre caminho para uma taxação de 19,5%, que é o modal paranaense. No RS, esses dois itens importados são taxados em 12% (leite em pó) e em 17% (muçarela).
— O estudo (da Fazenda) é exatamente para verificar um possível aumento na proteção ao leite gaúcho — pontuou o vice-governador do RS.