O brinde simbólico para celebrar o lançamento da 45ª Expoleite e 18ª Fenasul saiu como manda o figurino na cerimônia realizada nesta quinta-feira (4), no pátio da Secretaria Estado da Agricultura, no bairro Menino Deus, em Porto Alegre. O que a imagem não mostra, mas esteve à mesa do café da manhã preparado, foi a forte cobrança de representantes do setor por medidas de contenção à crise enfrentada pelos pecuaristas gaúchos. Entre os pedidos, o de que o governo do Estado estude a criação de uma taxação para barrar a entrada de produtos de fora.
— A importação desenfreada encheu um balde de problemas. A gota de leite foi uma importação em um balde já cheio de problemas. A gente sempre ouve que não dá para fazer nada, porque é da esfera federal, mas devo dizer que alguns governos estaduais estão tomando medidas locais. Também temos de fazer algo, o Rio Grande do Sul sempre foi vanguarda, não seremos agora os últimos — destacou Marcos Tang, presidente da Associação dos Criadores de Gado Holandês (Gadolando), da Federação Brasileira das Associações de Criadores de Animais de Raça (Febrac) e da Coordenador da Comissão de Leite da Federação da Agricultura do Estado (Farsul).
Discurso reforçado pelo presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do RS (Fetag-RS), Carlos Joel da Silva, que lembrou da drástica redução no número de produtores de leite no Estado: eram mais de 80 mil, hoje são pouco mais de 30 mil. É uma referência ao dados do último Relatório Socioeconômico da Cadeia Produtiva do Leite no RS, que mostra uma queda de 60,7% na quantidade de propriedades dedicadas à atividade entre 2023 (com 33,02 mil agricultores) e 2015 (quando somavam 84,02 mil).
— Estamos vendo que Minas Gerais criou um decreto lá, aumentando o imposto para o leite que vem de fora. O nosso problema se chama leite em pó da Argentina e do Uruguai, mais da Argentina neste momento. Temos de taxar o leite em pó aqui também — acrescentou Joel.
Da mesma forma, Gedeão Pereira, presidente da Farsul, falou sobre a preocupação com a questão do leite, trazida pela entrada de produtos do Mercosul (bloco ao qual se referiu como "Mercovem"), que contam com subsídios governamentais, como na Argentina, e trazem uma concorrência desleal aos laticínios do Brasil:
— A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) contratou uma consultoria, com investimento de R$ 1 milhão, justamente para descobrir qual o nível de dumping que está sendo executado pela Argentina, para impor ao Estado brasileiro que tome medidas com números, para sabermos exatamente o que está acontecendo.
Representando o governador (cuja ausência foi destacada pelo presidente da Gadolando), Gabriel Souza, o vice, falou sobre a demanda recebida para a taxação do leite que vem de outros locais, afirmando que será encaminhada para a análise da Secretaria da Fazenda:
— Quero firmar um compromisso aqui com o setor leiteiro: vou levar ao governador e solicitar um estudo da Secretaria da Fazenda a fim dessas questões tributárias. Aliás, é um bom momento para discutirmos questões tributárias. O Estado precisa continuar tendo equilíbrio financeiro.