A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Três em cada cinco propriedades deixaram de produzir leite no Rio Grande do Sul nos últimos oito anos. É o que mostram os dados do Relatório Socioeconômico da Cadeia Produtiva do Leite no RS, divulgado pela Emater durante a programação da 46ª Expointer nesta quinta-feira (31). Os 33,02 mil estabelecimentos contabilizados em 2023 representam uma redução de 60,7% em relação a 2015, quando somavam 84,2 mil.
Para Jaime Ries, extensionista rural e assistente técnico estadual da Emater, que coordenou o levantamento dos dados, na onda recente de desistência, influenciaram motivos como o impacto da estiagem sobre o rebanho, o alto custo de produção e os volumes crescentes de importação de lácteos de países do Mercosul.
— Basicamente, quem está saindo é o pequeno produtor, de baixa escala. O que a gente tem visto é que o produtor, para ganhar dinheiro no leite, precisa ter uma escala maior, renda suficiente para que os jovens se motivem a ficar na atividade. E se a família não tem um jovem disposto a dar continuidade, a partir de uma certa idade a família desiste da atividade — pontua o técnico.
Quem permanece na atividade, continua Ries, são os produtores que conseguem maior produtividade. O relatório aponta aumento na produtividade média das vacas leiteiras de 39,01% em oito anos, alcançando 16,34 litros produzidos por vaca por dia.
Nesse mesmo período, o número de vacas leiteiras e a produção de leite diminuíram. O número de animais caiu 34,47%, ficando em 769,8 mil, e a produção, 8,91% somando agora 3,8 bilhões de litros por ano.