A pista do gado leiteiro reservou uma surpresa para quem foi ao parque Assis Brasil, em Esteio, conferir o desfile dos campeões da 44ª Expoleite e 17ª Fenasul. O espaço preparado para a celebração teve de ser organizado no lado oposto ao habitual em razão de um ninho de corujas (que também foi protegido com a colocação de grades). Ao todo, foram 27 animais, entre grandes campeões e reservados de grande campeões, além das fêmeas vencedoras dos concursos leiteiros e dos coelhos. A multiplicidade de atrações é apontada como um dos fatores para o sucesso de público, estimado em torno de cem mil visitantes.
— Desde que se incorporou o nome Fenasul à Expoleite, essa foi a maior edição — disse Marcos Tang, presidente da Associação de Criadores de Gado Holandês do Estado (Gadolando), uma das entidades organizadoras.
Opinião compartilhada por Francisco Schardong, coordenador da Comissão de Exposições, Feiras e Leilões da Federação da Agricultura do RS (Farsul), que neste ano retomou a realização da Feira de Terneiros, Terneiras e Vaquilhonas, depois de um hiato durante o período pandêmico.
— Sem dúvida, esta é a maior Fenasul deste parque. Para organizar essa festa, tem de ter amor pelo que se faz. Deixou a Expointer com ciúme e em alerta — brincou Schardong, sobre o sucesso da edição 2022 da Expoleite/Fenasul.
Movimento intenso que trouxe "problemas bons", como o de lotação da área destinada ao estacionamento. E, para o próximo ano, a ideia é "profissionalizar ainda mais" a organização, como pontuou o prefeito de Esteio, Leonardo Pascoal. Uma das propostas é a de que se crie uma comissão executiva, a exemplo da Expointer.
— Na Expointer, temos uma lógica de trabalho presente há muitos anos. A Fenasul acontece, mas é de uma forma menos orgânica. Para o ano que vem, tem a proposta de criação da comissão e de envolvimento de mais entidades — acrescentou Pascoal.
O momento da cerimônia também serviu para a colocação de reivindicações das entidades. Como o de que se resolva a questão referente à utilização do Fundoleite. O presidente da Gadolando mencionou os recursos (em torno de R$ 30 milhões, formados a partir de pagamento feito por litro de leite vendido), que não tiveram mais repasses feitos.
— Talvez vocês, produtores, não entendam bem o que é isso, mas são problemas que nós enquanto entidade enfrentamos todos os dias. Não temos tido as reuniões de Conseleite para dar o preço de referência, porque o elo produtor ficou com uma dívida para fazer este cálculo — sugeriu Tang.
Na mesmo tom, Schardong comparou a situação do leite ao do arroz e os classificou como "os primos pobres da cesta básica", com os dois tendo taxas aplicadas à produção, mas que não retornam aos produtores.
— Quem não veio, perde. Perde a oportunidade de estar presente e também de ouvir coisas que serão cobradas. Faço o mesmo coro do Tang. Precisamos rever. Ou serve para alguma coisa, ou se extingue — reforçou Carlos Joel da Silva, presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado (Fetag-RS).