Os números mostram a expansão de vendas de carne suína do Rio Grande do Sul para o Chile, primeiro mercado conquistado em razão do status de livre de febre aftosa sem vacinação. A habilitação veio em fevereiro de 2023 e, de lá para cá, os embarques cresceram, mostrando a importância dessa abertura também na busca do Brasil pela diversificação de destinos, reduzindo a dependência da China. Dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) mostram que, no primeiro trimestre deste ano, o país embarcou 289,5 mil toneladas da proteína, aumento de 5,3% em relação a igual período do ano passado. Nesse intervalo, o Estado ampliou 294% a quantidade exportada para o território chileno, alcançando 3,28 mil toneladas.
— O Chile, no acumulado do ano, é o terceiro principal destino das exportações (de carne suína do Brasil) e já tem aqui o efeito gaúcho — diz Luís Rua, diretor de Mercados da ABPA.
Nos primeiros três meses de 2024, os chilenos adquiriram 26,6 mil toneladas de carne suína brasileira. Ficaram atrás das Filipinas e da China. Claro que os chineses seguem tendo a fatia mais relevante dos embarques feitos pelo Brasil, mas outros destinos ganham espaço, até mesmo em razão do ajuste de demanda do país asiático.
— Temos trabalhado em um esforço de diversificação de mercados. As Filipinas, por exemplo, são hoje o segundo principal destino — explica o diretor de Mercados da ABPA.
E as perspectivas em relação aos filipinos são ainda mais animadoras. O país anunciou no mês de março o reconhecimento do sistema de equivalência de inspeção sanitária, o que permite a habilitação de frigoríficos previamente auditados (o chamado "pre-listing"). Rua cita outros crescimentos considerados importantes para a balança comercial brasileira da carne suína.
O Japão aumentou as compras em 112%, os Estados Unidos, 383%, a Coreia do Sul, 218%, e o Canadá, mais de 400% no acumulado até março.
Frango
Nos embarques de frango do Brasil, o primeiro trimestre registrou queda de volume (-7,2%) e receita (-16,77%), conforme a ABPA. Esse recuo tem influência dos resultados do mês de março, quando a quantidade enviada recuou 18,8% sobre igual mês de 2023. Neste caso, segundo Ruas, há que se considerar da base de comparação. Março de 2023 registrou uma venda acima da média mensal, com 514,6 mil toneladas.
— Foi a primeira e única vez que ultrapassamos a barreira das 500 mil toneladas (no mês) — pondera Luís Rua, diretor de Mercados da ABPA.
O presidente da entidade, Ricardo Santin, acrescenta:
— Isso cria uma ideia equivocada em relação ao mês de março deste ano que, na verdade, seguiu dentro do fluxo esperado pelo setor, mantendo-se na média acima de 400 mil toneladas mensais.
Vale destacar que os Emirados Árabes Unidos foram o principal destino da carne de frango do Brasil em março, ficando à frente da China que, aliás, reduziu 48,9% a quantidade comprada.