A jornalista Bruna Oliveira colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Do Alegrete para as telas e a projeção do Big Brother Brasil, o gaúcho Matteus Amaral conseguiu fazer com que o país inteiro mirasse com outros olhos para a vida rural e a cultura do Rio Grande do Sul. Agora fora da casa e com o título de vice-campeão do BBB 24, o estudante de Engenharia Agrícola diz que ainda não teve muito tempo para pensar no futuro, mas que não deixa de considerar a vontade de um dia, quem sabe, ter o seu próprio campo.
O "brother" conversou com a jornalista Gisele Loeblein, titular aqui da coluna, no programa Campo e Lavoura da Rádio Gaúcha que foi ao ar neste domingo (28). Matteus falou do gosto pela lida, do orgulho de levar a tradição rural adiante e do convite tentador de fazer parte do Freio de Ouro. A entrevista completa também está disponível no Spotify. Confira trechos:
Como é o teu envolvimento e a tua relação com as atividades do setor primário?
Eu sempre tive muito contato com a zona rural, com o campo. Fui criado em estância, meu padrasto sempre lidando com cavalo, domando, era capataz e foi peão em algumas épocas. E eu sempre tive muito amor pelos animais. A lida de campo em si, do dia a dia, sempre foi muito forte na minha vida. Conforme foi passando o tempo, virou também a minha forma de me sustentar. Desde novo, dos meus 13, 14 anos, eu sempre trabalhei para ter meu dinheiro. Então me formei no Ensino Médio e tive a oportunidade de entrar na Engenharia Agrícola, que é um curso que, confesso, inicialmente não era exatamente o que eu queria. Sempre quis fazer Veterinária e seguir lidando com os animais, mas como na época eu não tinha muita condição financeira, resolvi prestar o vestibular para a engenharia e entrei no curso. Com a Engenharia Agrícola, eu comecei a ver a fundo a questão da planta, de como ela se desenvolve, as tecnologias que são aplicadas, e comecei a me apaixonar. A gente vai vendo o sentido das coisas, né? Hoje, não me imagino lidando com algo diferente, no sentido de falar sobre o campo, do orgulho que eu tenho de fazer parte disso tudo.
Tu conseguiste aproximar um setor que nem sempre consegue se comunicar de uma forma aberta, clara.
Eu confesso que fico até emocionado, surpreso, com a proporção que tudo isso está tomando. Acredito as pessoas têm um pouco de receio de poder compartilhar, porque não é uma vida fácil. Não desmerecendo as outras profissões e vidas, mas não é uma coisa muito mansa, muito simples. E poder dar esse estímulo às pessoas... eu estou achando muito legal, muito bonito.
Nós conhecemos a porção do Matteus ligada aos animais. Tu te imaginas produtor de grãos, também?
Eu realmente estou um pouco apavorado com tudo que está acontecendo (risos). Não sei o que vai ser exatamente do meu futuro, mas, se Deus quiser e eu tiver uma condição de ter uma fazenda, ter um lugar, eu quero muito seguir lidando com essa parte do campo, criando animais, vaca, ovelha, cavalo, se tiver uma lavoura... É o que eu amo. Eu vou ficar realizado.
O que é mais fácil: a lida no campo ou a vida no BBB?
Não desmerecendo o campo, mas no Big Brother a coisa não é mansa! Vira uma panela de depressão, o psicológico vai para longe. O campo, mesmo te cansando, ele traz muita paz, muita tranquilidade, que eu sou apaixonado. Estar num dia de lida trabalhando e aí chegar no fim de tarde e ver aquele pôr do sol, voltando para as casas, um cavalo encilhado, conversando com quem a gente gosta, aprendendo muito com os mais velhos, que é algo que eu admiro muito na lida do campo... Isso não tem dinheiro que pague.