A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Produtividade no campo e sabor na cuia. Essa é a meta por trás do trabalho de clonagem do tradicional ingrediente do mate dos gaúchos que a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) está coordenando. O objetivo final da academia, que firmou parceria com o Instituto Brasileiro de Erva-Mate (Ibramate), é desenvolver uma nova cultivar “clonal” da erva-mate, melhorada geneticamente.
Ainda que a técnica de produzir indivíduos geneticamente iguais já seja utilizada em plantas, na erva-mate é novidade. De acordo com o presidente da Câmara Setorial da Erva-Mate no RS, Ilvandro Barreto de Melo, o Estado só tem uma cultivar da folha registrada:
— São poucos os estudos de genética na erva-mate porque, primeiro, é um estudo bastante demorado, por ser uma cultura permanente. E, segundo, por ser uma cultura extrativista, que fez com que demorassem para começar trabalhos como esse. Diferente do que ocorreu na soja, no milho.
Coordenador do projeto e professor do Departamento de Fitotecnia do Centro de Ciências Rurais da UFSM, Dilson Antônio Bisognin explica que o trabalho se dá em pelo menos três etapas. A primeira foi o melhoramento genético, onde foi selecionada a planta que melhor atenderia ao produtor, à indústria e ao consumidor.
— Consideramos aqui produtividade, qualidade, cor da folha, resistência à doença, seca, enfim, características que possam dar ganho econômico ao setor — esclarece Bisognin.
A segunda etapa foi a clonagem, onde a planta selecionada foi multiplicada por meio da técnica de miniestaquia (plantio de pequenas propágulos oriundos de caule, raízes ou folhas). A terceira ocorre agora e será a campo, explica o professor:
— Agora, a gente vai colocar as mudas em campos nos cinco polos ervateiros do Estado, para verificarmos em condições de solo, temperatura e insolação diferente, como a mesma planta se comporta.
Mas o resultado deve vir a médio e longo prazo, de oito a 10 anos, adianta Bisognin, justamente por ser uma cultura permanente. Caso o resultado seja considerado positivo, a ideia é que, no futuro, sejam, então, distribuídas mudas aos viveiristas e produtores em todo o Estado.
O projeto tem um aporte de R$ 60 mil provenientes do Fundomate.