Abram alas para o caju passar na avenida do samba. Nativa do Brasil, a fruta (na verdade, um pseudofruto do cajueiro) é o tema escolhido pela escola Mocidade Independente de Padre Miguel, que se apresenta hoje, a partir das 22 na Marquês do Sapucaí, no Rio de Janeiro. E para caprichar na evolução, contou com uma parceria de peso: a Embrapa Agroindústria Tropical, que é principal centro de pesquisa fruta no mundo e referência no setor no país. A unidade doou 500 mudas para embelezar um dos carros alegóricos.
Chefe-geral da Embrapa Agroindústria Tropical, Gustavo Saavedra conta que também foram plantadas 15 mudas na Cidade do Samba, área destinada aos barracões das escolas de samba no Rio, para “adubar” a parceria. Após o carnaval, a Mocidade doará as mudas à comunidade local. Segundo o dirigente, a ideia surgiu justamente pela vitrine que é o carnaval carioca:
– É o maior espetáculo do Brasil, transmitido para o mundo inteiro. Vai colocar o caju em evidência, uma fruta que é nativa do país. E é interessantíssimo também para a cadeia produtiva, que precisa de injeção de ânimo neste momento.
Com 170 mil produtores no Brasil, a cultura do caju tem sido afetada por concorrências internacionais, explica Saavedra. É o caso da castanha de caju, que é bastante importada atualmente:
– Perdemos muita relevância (no mercado) apesar de sermos o país com mais tecnologia para o cultivo de caju. Pelo conjunto não adequado de políticas públicas, que não foi assimilado pelo sistema produtivo.
No caso das mudas que foram doadas, a variedade escolhida é a de cajueiro-anão, resultante do processo de seleção e melhoramento da Embrapa, com foco na alta produtividade. A planta que estará na avenida na noite desta segunda-feira pode produzir até mil quilos de castanha por hectare.