A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Nem a safra de mel ficou imune aos efeitos trazidos pelo El Niño ao Rio Grande do Sul. O excesso de chuva fez com que entrasse água, literalmente, no caminho da produção das abelhas. O presidente da Federação Apícola do RS (Fargs), Ademir Haettinger, estima, a partir da florada da primavera, uma redução de 60% a 70% no volume em comparação à do ano passado — que, segundo o IBGE foi de 7,4 mil toneladas no Estado.
— A chuva não nos deixou “colher”. Não tem floração. E quando tem, lava (o pólen da) flor. Quando não faz cair — descreve Patric Luderick, vice-presidente da Fargs e coordenador da Câmara Setorial de Apicultura.
É o que observa o produtor Milton Emílio Kegler nas suas 42 colmeias em Santa Maria e São Martinho da Serra:
— Neste mês, eu deveria estar indo para a segunda colheita, mas não consegui nem a primeira.
A produção de mel no Estado ocorre, geralmente, em três das quatro estações do ano: da primavera ao outono, sendo, por vezes, divididas em três “safras”. É por isso que Haettinger afirma:
— Resta torcer para que não chova no verão. Em janeiro, começa a florada de eucalipto, outra safra de mel, que pode amenizar as perdas até agora.
Além da queda da produção de mel, o extensionista da Emater, João Sampaio cita como outro problema trazido pela chuva a morte de abelhas:
— Elas estão morrendo por falta de alimento.
A Fargs e a Emater têm orientado os apicultores a alimentar suas abelhas com um composto energético e proteico, que mistura açúcar, água e outros ingredientes. É uma maneira, explicam as entidades, de salvar os insetos. Mas traz um custo extra, de cerca de R$ 30 por colmeia, no bolso do produtor.