A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Há quem acredite que os ajudantes do Papai Noel sejam duendes ou renas. Seja qual for a magia, no Rio Grande do Sul há personagens que, além de ajudarem o Bom Velhinho, conseguem compartilhar o universo do campo com o espírito natalino.
Um deles ajuda com os presentes desejados nas cartinhas. Monta brinquedos de madeira — dos tradicionais aos inusitados, como colheitadeiras e pulverizadores. Outro, colabora recheando a mesa na noite de Natal com uma guirlanda comestível: ao invés de folhas e arame para decorar a porta, é feita de pão e finalizada com cerejas, nozes e outros ingredientes natalinos.
A seguir, conheça as histórias de dois dos ajudantes do Papai Noel no campo.
Pão em formato de guirlanda: um erro de cozinha que virou sucesso em Torres
Foi de uma fornada de pães trançados que deu errado que surgiu uma guirlanda comestível em Torres, no Litoral Norte. "Um erro que, no final, deu certo", resume o padeiro da Terra Padaria Artesanal, Maicon Reis, responsável pela iguaria:
— Há cinco anos, eu acabei fazendo um corte no pão trançado sem querer, e aí nasceu a guirlanda. E esse "erro" aconteceu bem perto do Natal. Foi o espírito natalino que fez surgir essa guirlanda.
Atualmente, o pão no formato inusitado é um dos carros-chefes de venda da padaria no final de ano. Dos cerca de 50 pães que são produzidos no final de semana, 20 são guirlandas. Neste ano, 150 delas já foram vendidas neste mês, com mais 150 encomendadas até o Natal.
Feita com um pão amanteigado, Maicon recheia a guirlanda com ingredientes natalinos: das tradicionais nozes e amêndoas até os sabores mais doces, como doce de leite e creme de avelã com cacau.
— Sai muito. O pessoal gosta de comprar para enfeitar a mesa de fim de ano — conta Maicon.
Carros, caminhões e... máquinas agrícolas de madeira
Em meio a brinquedos de madeira tradicionais, como carros, caminhões e até casas de boneca, o marceneiro José Geraldo de Oliveira, em Sobradinho, no Vale do Rio Pardo, desenvolveu uma linha diferente para as crianças: a de máquinas e implementos de madeira.
Entre os mais procurados no Natal, a linha "agrícola", como chama, já caiu no gosto das crianças.
— Às vezes nem é criança da zona rural. É aquela que mora na cidade, mas tem o avô, o tio como referência, que tem uma máquina semelhante àquela. E eu faço com as cores identificadas das fábricas, azul da New Holland, verde da John Deere, amarelo da Valtra.
A magia do Natal acontece em um galpão na zona rural de Sobradinho. Munido de madeira de eucalipto e pinus e de suas ferramentas, José Geraldo parte para a ação. Na linha agrícola, fabrica colheitadeiras, pulverizadores, caminhões boiadeiros, tratores e até motosserra. E ajuda a criar um faz de conta diferente para a criançada.
— Não tem preço! — afirma o marceneiro, que já é conhecido na região.