A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Diante de secas recorrentes no RS, buscar maneiras de reaproveitar a água é uma alternativa para reduzir prejuízos na produção agropecuária. Na Ilha dos Marinheiros, em Rio Grande, é com uma planta aquática chamada lentilha d´água que a Fundação de Apoio à Pesquisa e Desenvolvimento Edmundo Gastal (Fapeg) e a Embrapa Clima Temperado encontraram uma solução. A ideia é uma das 15 financiadas pelo 5º Edital da Água, um programa do Instituto Mosaic, da empresa Mosaic Fertilizantes, que apoia projetos locais que promovam o uso responsável e a preservação dos recursos hídricos em comunidades rurais e indígenas.
Mas, afinal, como uma planta aquática ajuda a reaproveitar água? Graças às suas características, explica a pesquisadora Lilian Terezinha Wincler, coordenadora do projeto pela Embrapa. A lentilha d'água é capaz de retirar fósforo e nitrogênio do ambiente em que está e, ao mesmo tempo, é rica em proteína, podendo ser usada como alimentação animal.
Foi sabendo disso que, com um montante de R$ 45 mil e várias lentilhas, a Fapeg e a Embrapa tiveram a ideia de instalar um sistema de tratamento de efluentes domésticos nas duas propriedades rurais beneficiadas pelo projeto.
O sistema funciona em três etapas. Primeiro, a água do banho e da pia usada nas duas casas é direcionada a um tanque, onde estão as plantas aquáticas. Lá, esses vegetais limpam as contaminações existentes na água ao mesmo tempo que produzem uma quantidade alta de nitrogênio e fósforo. Depois, a biomassa da lentilha pode ser usada para alimentação de peixes criados em tanques e a água limpada na fertirrigação de hortas.
Tudo é baseado em "reaproveitamento", salienta Lilian:
— O que iria embora para o ambiente naquela água agora devemos gerar renda com a criação de peixes e reduzindo custos no cultivo de hortas, com insumos produzidos naturalmente pelas plantas.
Atualmente, o trabalho está na fase de implantação dos sistemas e deve continuar até o ano que vem. Dentro dessa iniciativa, também estão previstos cursos de capacitação com produtores rurais das comunidades próximos para que a ideia se multiplique na região.
O projeto na Ilha dos Marinheiros e outros 14 foram selecionados por um júri formado por conselheiros do Instituto Mosaic e profissionais especialistas da área. O Edital da Água tem o Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social como parceiro técnico e responsável pela gestão. Desde sua criação, em 2019, o programa já beneficiou 51 projetos e mais de 6 mil pessoas diretamente.
Gerente de relações com comunidades da Mosaic Fertilizantes, Caroline Fávaro explica como surgiu ideia na empresa:
— A fome no país e no mundo ampliou, então a gente quis conectar a preservação dos recursos hídricos com o fomento também dessas ações de prática que possam trazer mais alimentos.
A previsão é que no dia Mundial da Água, celebrado no próximo dia em 22 de março, sejam abertas inscrições para o próximo edital.