A jornalista Bruna Oliveira colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Enquanto a presença da gripe aviária em território nacional não permite baixar a guarda nos cuidados necessários para evitar o seu avanço, a ocorrência dela em Estados onde a produção de aves é determinante coloca o alerta em grau ainda mais elevado. E é o caso do Rio Grande do sul. Um novo foco do vírus foi confirmado em aves silvestres no Estado, somando-se a outros três verificados em mamíferos aquáticos. Ou seja, o vírus segue circulando e requer atenção.
O mais recente caso de alta patogenicidade da doença foi verificado em um exemplar da espécie trinta-réis-real, encontrado praia do Mar Grosso, em São José do Norte. É o quarto foco em aberto no RS. Os demais são em mamíferos aquáticos, verificados em Rio Grande, Santa Vitória do Palmar e Torres, que seguem em acompanhamento.
Até o momento, foram contabilizados 311 animais mortos ou doentes no Estado, entre mamíferos aquáticos e aves silvestres, nos municípios de Imbé, Mostardas, Palmares do Sul, Pelotas, Pinhal, Rio Grande, Santa Vitória do Palmar, São José do Norte, Tavares e Torres.
Em maio deste ano, a região sul já havia registrado outro foco de influenza aviária em aves silvestres na Reserva Ecológica do Taim, mas o caso foi encerrado após evidências epidemiológicas e coletas negativas. O seu retorno, agora, retoma o monitoramento ativo das equipes de vigilância na região.
A Secretaria da Agricultura vem reforçando os protocolos de prevenção nos municípios do litoral gaúcho. A maior preocupação é conscientizar as pessoas para que não mexem nos animais mortos ou doentes que possam vir a ser encontrados nas praias.
A proximidade do veraneio se coloca como um novo ponto de atenção. Isso porque o deslocamento de pessoas para as regiões onde foram verificados focos aumenta as possibilidades de espalhamento do vírus, dada a sua característica altamente contagiosa. Por isso,os cuidados para evitar qualquer contato com animais contaminados são ainda mais importantes.
— Estamos entrando em uma época em que as pessoas começam a se direcionar ao litoral. Temos que reforçar a importância de não se aproximarem dos animais. As pessoas de regiões que trabalham com aves, que moram perto da área comercial, principalmente, precisam redobrar a atenção porque o livre trânsito (para levar o vírus) é uma fonte de risco relevante — salientou a diretora do Departamento de Vigilância e Defesa Sanitária Animal (DDA), Rosane Collares, em entrevista ao programa Campo e Lavoura da Rádio Gaúcha.
A preocupação é proporcional à relevância da atividade avícola para o Rio Grande do Sul. Mais de 50% das propriedades agropecuárias do Estado têm algum tipo de criação de aves.
Uma vez que o vírus chegue à avicultura comercial, os impactados econômicos podem ser avassaladores. O Estado é o terceiro maior produtor de frango de corte do Brasil, o terceiro maior exportador de ovos, e o maior exportador de carne de peru, segundo a Secretaria da Agricultura. A avicultura responde por 60% da pauta de exportação do Estado. Um único caso registrado em produção comercial já é suficiente para que os embargos sejam automáticos.
— A partir do momento da constatação de um caso de influenza em um aviário, o embargo vale para todos os parceiros comerciais, e nós vendemos para mais de 160 países. Até se resolver, não se tem nenhum tipo de comércio. É desastroso — diz Rosane.