A jornalista Bruna Oliveira colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Tendência apontada como um dos futuros da agricultura, o mercado de insumos agrícolas biológicos tem passado por crescimento considerável no Brasil. Segundo especialistas, aos menos dois fatores influenciam o momento: a aposta pesada de fabricantes tradicionais de químicos no novo segmento e o interesse crescente dos agricultores pelos biológicos.
São Paulo, Paraná e Minas Gerais lideram entre os Estados brasileiros que mais utilizam bioinsumos em fábricas. O Rio Grande do Sul é o sexto colocado na lista. São mais 100 fabricantes de bioinsumos registradas no país, segundo o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).
— Estamos tendo bons produtos e uma maior busca também dos agricultores. Isso é reflexo da eficiência dos biológicos no campo. Porque não adianta apostar em um produto que não funciona. Estamos observando que o mercado tende a se especializar a cada dia mais nesta área — analisa o engenheiro de bioprocessos Eduardo Leite, que atua em uma empresa do segmento.
A aplicação dos microrganismos na agricultura é diversa, principalmente para combater pragas, insetos e fungos. Segundo o Mapa, em 2023, foram registrados 15 novos produtos biológicos para agricultura.
Os bons resultados atraem cada vez mais produtores. Juliano Alves Gerolin, engenheiro e sócio proprietário da Gerolin Engenharia, diz que há dez anos o mercado vive um crescimento considerável, mas que nos últimos cinco vive um verdadeiro “boom”.
— Para o produtor, além do resultado, garante maior facilidade de trabalhar. E, com isso, temos muitas novas empresas entrando no mercado e já investindo nisso. As grandes empresas do setor de químicos que não estão ainda produzindo, estão fazendo parcerias, adquirindo empresas, pensando em plantas industriais. Só esse movimento de mercado já chama atenção — diz Gerolin.
O uso de bionsumos tem sido estimulado nas lavouras também por uma questão ambiental. A combinação com os químicos (ou até a substituição deles em alguns casos) tem despontado como opção de manejo sustentável. Ou seja, são produtos novos que atendem a uma exigência de ESG.
O crescimento do mercado de biológicos se reflete também no mercado de trabalho, em áreas que vão além do agronegócio. Projetos de fábricas que se adequem à utilização dos microrganismos têm movimentado o campo da Engenharia, por exemplo.
As unidades fabris exigem padrões e processos de segurança particulares. Por causa disso, o engenheiro de bioprocessos Eduardo Leite observa que há uma movimentação profissional “bastante interessante” neste momento. Profissionais de engenharia, da área farmacêutica e de tecnologia tem sido cada vez mais requisitados para pesquisa e desenvolvimento de novos agentes biológicos.
— Um dos desafios que vejo é ter operação que acompanhe uma expansão de produção e também de pesquisa, de operação industrial e fabril. Grande parte dos profissionais que tem formação nessa área estão sendo absorvidos para esse mercado — diz Leite.