A mesma faixa que havia sido pendurada no pavilhão do gado leiteiro no início da 46ª Expointer foi carregada pelos produtores no desfile das campeãs, nesta sexta-feira (01), na cerimônia de abertura oficial da feira. Nas frases, a manifestação com a crise que impacta a atividade e que fez o número de propriedades com produção de leite encolher 60% em oito anos. O tema também apareceu nos discursos de representantes de entidades do setor.
— Queremos só as mesmas condições de lá, para poder competir com os produtores. O leite em pó do Mercosul está entrando a R$ 6 a menos o quilo. Os agricultores estão dizendo: nos ajudem, que nós ajudamos o Brasil — disse Carlos Joel da Silva, presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado (Fetag-RS).
Os produtores têm reforçado o pedido para que o governo adote medidas capazes de barrar o volume de leite em pó que tem entrado de países vizinhos, sobretudo Argentina, Uruguai e Paraguai. Uma das ações sugeridas é a taxação do produto, ou ainda, o estabelecimento de cotas. Ainda na quinta-feira (31), o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, declarou que o governo está em negociações adiantadas para os limites nas compras privadas com Uruguai e Argentina. Em seu discurso na abertura da Expointer, nesta sexta-feira (01), ao falar do assunto, repetiu que não se podem, no entanto, adotar ações que comprometam o fortalecimento do Mercosul.
— Crise de oferta e de demanda se desfaz com a abertura de mercados — acrescentou Fávaro, ao mencionar que nos oito meses deste ano foram abertos 42 novos destinos para produtos do agro brasileiro.
O titular do Ministério da Agricultura mencionou a construção de uma política pública de desenvolvimento do setor — uma ação mais de fundo. E pontuou ações como a ampliação da alíquota para 18% nas compras de manteiga e queijo de fora do Mercosul e os R$ 200 milhões sinalizados para a compra de leite, para enxugar a oferta no mercado interno brasileiro.
O produtor de leite gaúcho tem, no entanto, pressa. A queda no preço do leite em pleno período de entressafra pode ser a gota de leite no copo já cheio de problemas, com potencial para fazer mais famílias abandonarem a atividade.
Sobre o tema, o governador Eduardo Leite pontuou a necessidade de apoio da União em medidas de enfrentamento à crise do setor:
— A gente sabe que as medidas do governo federal até aqui não são suficientes, segundo o próprio setor, mas são passos que vêm sendo dados para poder garantir alguma condição de competitividade melhor para o leite produzido aqui. E parece muito claro que precisaremos do suporte do governo federal para fazer frente ao que a Argentina, especialmente, está fazendo de subsídios. (A crise) É uma das demandas mais importantes, das quais mais tratamos com o ministro da Agricultura aqui na Expointer.