Representantes de entidades do agronegócio gaúcho terão uma reunião com o ministro do Desenvolvimento Agrário nesta quinta-feira (28), quando Paulo Teixeira vem ao Estado integrando comitiva do governo federal. O encontro com temática agrícola está marcado para as 12h30min no auditório 1 da Biblioteca da Univates, em Lajeado. O espaço será o QG central dos ministros e da primeira-dama, Janja Lula da Silva, nessa que será a segunda visita de integrantes do Planalto ao Vale do Taquari após as cheias que deixaram um rastro de destruição e morte na região.
Mais do que o "conforto", o setor produtivo aguarda por respostas concretas e céleres para as demandas específicas da atividade — que incluem, mas vão além das perdas em suas moradias.
— Estou ansioso para ver o que ele vem trazer — diz Carlos Joel da Silva, presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag-RS), sobre a expectativa em relação à presença do titular do Desenvolvimento Agrário.
A boa vontade e o canal de comunicação aberto do governo federal são pontos importantes, mas precisam se transformar em ações concretas com celeridade. Dois pontos das sete medidas levadas ao Planalto pelo segmento são consideradas imprescindíveis à recuperação da atividade produtiva.
— A suspensão da cobrança dos financiamentos por um período de 180 dias, para dar prazo à criação de resoluções para amparar o produtor. E linhas de crédito para a construção das estruturas destruídas, a compra de animais e ações no solo — cita Joel, sobre as medidas "número 1" de enfrentamento às perdas causadas pelas cheias no meio rural.
Agravada pela enchente, a crise na produção de leite é outro assunto que entra em pauta. Entidades da agricultura familiar e movimentos sociais reforçaram a necessidade de se endereçar o problema, sob pena de ampliar o abandono da pecuária de leite no RS — de 2015 para cá, houve redução de 60% na quantidade de produtores dedicados à atividade.
Coordenador da Federação nos Trabalhadores na Agricultura Familiar no RS (Fetraf), Douglas Cenci entende que entre as medidas mais importantes estão a criação de uma política de subsídio.
— O governo falou da intenção, mas precisamos saber como vai funcionar e quem será beneficiado. Pode ter limite de subsídio, mas deve contemplar todos agricultores familiares que produzem leite — diz Cenci, sobre o anúncio feito pelo Ministério da Agricultura da criação de um Grupo de Trabalho Interministerial com a tarefa de elaborar esse programa.
Agroindústrias da região que tiveram suas operações afetadas pelas águas também estão na fila de espera por ações que possam garantir um apoio financeiro. São seis unidades de processamento de frango localizadas na região, que responde por 21% da produção dessa proteína no Estado. Há plantas de abate de suínos que também sofreram impactos, como a da Cooperativa Dália, em Encantado, que voltou a operar na última segunda-feira (25), com metade da capacidade de operação.