Depois do excesso de chuva e das cheias, que imprimiram perdas à produção, a ocorrência de granizo, na Metade Sul, reforça a preocupação com o efeito das condições climáticas sobre a produção. Nos próximas dias, a Emater deve iniciar um levantamento para avaliar os impactos do fenômeno mais recente, explica o diretor-técnico da instituição, Claudinei Baldissera. O excesso de umidade verificado nas últimas semanas já vinha interferindo nos cultivos.
Na região de Bagé, agora afetada pelo granizo, o grande volume de precipitações vinha impedindo que agricultores avançassem no trabalho de plantio de milho. Muitos, por precaução, em razão das previsões do tempo, também decidiram aguardar para dar a largada na semeadura. Com isso, há um certo atraso no cultivo, ainda que tenha avançado em algumas áreas, observa Baldissera.
No relatório semanal da Emater, divulgado na quinta-feira (21), eram apontados danos às folhas da cultura em razão dos fortes ventos no município de Manoel Viana. E em São Borja, danos pontuais por granizo.
Em contrapartida, esse contexto de elevada umidade contribui para a redução da incidência de cigarrinha nas lavouras. No trigo, o contexto é de final de safra, com as lavouras predominantemente em floração (39% da área total plantada) e enchimento de grãos (41% do total semeado). A chuva abundante, nesse caso, também dificultou a entrada das máquinas para o trabalho de controle de doenças fúngicas — como a giberela e o brusone.
— As culturas de inverno serão prejudicas, pastagens também. O baque deve ser grande, a perda virá na sequência — acrescenta Flávio Varone, coordenador do Sistema de Monitoramento e Alertas Agroclimáticos (Simagro-RS) da Secretaria Estadual da Agricultura.
Um ponto sensível que se soma à complexidade do mercado, com as cotações ficando abaixo do preço mínimo, exigindo o apoio do governo na comercialização do produto. A sinalização é que a União aporte R$ 400 milhões para essa finalidade.