A jornalista Bruna Oliveira colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Considerado o "pai" da revolução da agricultura tropical, o ex-ministro da Agricultura Alysson Paolinelli faleceu nesta quinta-feira (29), aos 86 anos, deixando um extenso legado para a pesquisa e o agronegócio brasileiro. Produtor rural com trajetória na política, Paolinelli era presidente-executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), mas foi como engenheiro agrônomo que liderou importantes transformações no campo.
Entre elas, no final de década de 1970, a expansão para o Centro-Oeste e o envio de 1,53 mil técnicos para formação no Exterior, dando início à chamada revolução da agricultura tropical. Foi a contribuição de Paolinelli nesse processo que o levou a ser agraciado com o prêmio World Food Prize, em 2006, e indicado como representante brasileiro para o Nobel da Paz em 2021.
Em entrevista à GZH no ano passado, o ex-ministro refletiu sobre o caminho que a tecnologia tropical abriu para que o Brasil se tornasse um dos maiores produtores de alimentos do mundo.
— O Brasil descobriu que era capaz de dominar o mercado. E, a partir de 1980, entramos pra valer nesse mercado. Em 20 anos, já tínhamos uma grande área de mercado, produzíamos em quantidade enorme e, veja que beleza, barateando esses produtos. Conseguimos reduzir o preço dos alimentos em 50% para o mundo e em 70% para o Brasil. Ou seja, comemos o alimento mais barato do mundo e o mundo passou a comer um alimento que custava a metade do que estava custando antes. Essa foi a contribuição da agricultura tropical — disse Paolinelli, em trecho da entrevista.
Mineiro natural de Bambuí, Alysson Paulinelli foi secretário de Agricultura de Minas Gerais e ministro da agricultura no governo Geisel, de 1974 a 1979. Também foi presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) até 1990. Atualmente, era presidente executivo da Abramilho. Em nota de pesar, a entidade destacou o legado do pesquisador como "figura ímpar no campo da agricultura brasileira", que "inspirou gerações de profissionais e contribuiu de forma inestimável para o desenvolvimento agrícola do país".