Se na média do Estado a projeção é de uma área menor para o trigo, um olhar específico nas diferentes regiões mostra que há pontos onde a cultura poderá ganhar mais espaço do que na safra passada. Via de regra, observa Alencar Rugeri, técnico estadual da Emater, os incrementos se dão na Metade Sul. É onde o cereal cresce em participação como parte de um sistema de produção integrado:
— O cara que está plantando neste ano, está mais pelo lado agronômico do que pelo financeiro. E é justamente por fazer parte de uma estratégia de produção que a área do cereal não deve, apesar desse recuo pontual, retornar a patamares anteriores — abaixo de 1 milhão de hectares, avalia Rugeri.
Na regional de Santa Rosa da Emater, os 305,78 mil hectares previstos agora representam alta (entre 3% e 5%) tanto em relação à intenção de plantio da safra passada quanto ao que foi efetivamente semeado. Vanderlei Waschburger, gerente regional, enumera fatores desse movimento. Um deles é a tendência histórica de aumento de área após estiagem no verão, para buscar renda e aproveitar insumos. Há ainda a expectativa de o preço do cereal (que desvalorizou em relação a 2022) melhorar no momento da colheita.
— E o melhor rendimento da cultura de verão nas áreas com plantio de trigo no inverno — acrescenta Waschburger sobre as razões para a aposta na cultura.
Na regional de Bagé, a estimativa inicial aponta 173,24 mil hectares (9% a mais do que no levantamento inicial de 2022). Por outro lado, Ijuí, que tem a maior área da cultura, deve somar 378,37 mil hectares, redução de 2,82% em relação ao que foi plantado.
A restrição de crédito e o custo financeiro são, na avaliação de Rugeri, itens de grande influência na tomada de decisão do produtor. Além de preço menor do cereal em relação à safra passada e da perspectiva de chuva acima da média, trazida pelo El Niño.