A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.

É da presença reforçada de vinícolas europeias no Wine South America, feira do setor encerrada nesta quinta-feira (8), em Bento Gonçalves, na Serra, que sai um termômetro para o ano do mercado de vinhos. O de que empresas como essas estão de olho — e querendo preencher — as prateleiras brasileiras.
Na edição deste ano, países como Itália e Portugal, por exemplo, expandiram o seu espaço físico no evento — só os italianos dobraram a sua participação. No caso de Portugal, Daniela Costa, gestora de área da Associação Interprofissional do Vinho (ViniPortugal), explicou à coluna que é a primeira vez que o país vem com a marca Vinhos de Portugual, representando 11 vinícolas. Até então, empresas vinham apenas por conta própria:
— Mas queremos expandir o nosso mercado, aumentar a exportação. Por isso, reforçamos a nossa presença neste ano.

— Itália também quer avançar em exportação de vinhos e veio em peso para a feira, que já participa há cinco edições — acrescentou a diretora-geral da Agência para a Promoção no Exterior e a Internacionalização das Empresas Italianas, Maria Maddalena Dal Grosso.
Na avaliação de Daniel Panizzi, vice-presidente do Instituto de Gestão, Planejamento e Desenvolvimento da Vitivinicultura do Estado do Rio Grande do Sul (Consevitis-RS), esse movimento tem a ver com a queda de consumo da bebida no Velho Continente e com o Tratado de Livre Comércio entre Mercosul e União Europeia:
— O imposto será zero, e a produção é subsidiada na Europa.
É por isso que Panizzi se preocupa:
— Somos parceiros, mas precisamos ter cautela na importação. Primeiro, precisamos aumentar o consumo de vinhos no Brasil, que ainda é muito baixo, antes disso.
Atualmente, o consumo da bebida no território nacional é de apenas dois litros per capita por ano. Para se ter uma ideia, em Portugal, por exemplo, são 50 litros per capita por ano.
A importação hoje
- Atualmente, os países que lideram a importação de vinhos para o Brasil são o Chile e a Argentina. Depois, estão Itália, França e Portugal
- No mercado brasileiro de espumantes, 70% da bebida consumida é nacional
- Já nos vinhos finos, apenas 7% vem do Brasil
*A coluna viajou para Bento Gonçalves a convite da Miolo