A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Menos de um dia após a confirmação do primeiro caso de influenza aviária em uma criação de subsistência no Espírito Santo, os primeiros efeitos comerciais já começaram a surgir. O Japão anunciou nesta quarta-feira (28) a suspensão temporária de importação de aves vivas e carne de frango daquele Estado, que representa 0,21% do total exportado pelo Brasil em 2022, conforme dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
Em nota, o Ministério da Agricultura do país asiático justificou a suspensão como uma medida sanitária para “evitar que as aves vivas criadas no Japão sejam infectadas com o vírus e para fins de sanidade alimentar”.
Como resposta, também em nota, a ABPA lamentou a decisão e ressaltou que a ação “não está em linha com as orientações da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), que indica suspensão de comércio apenas em casos registrados em produção comercial”. É por isso que o status sanitário no país e nos Estados brasileiros afetados segue livre da doença. No mesmo documento, a entidade lembrou que não há risco de contaminação pelo consumo da proteína.
Ainda que o impacto não alcance o território gaúcho, o sinal de alerta, que já estava acendido, fica agora mais forte. De acordo com a diretora do Departamento de Vigilância e Defesa Sanitária Animal da Secretaria Estadual da Agricultura, Rosane Collares, as atividades de vigilância e monitoramento que estão sendo realizadas no Rio Grande do Sul se mantêm:
— Desde o início (quando os casos começaram a se aproximar do Estado), nós trabalhamos com uma vigilância ostensiva. A régua já estava muito alta. Por isso, em princípio, não muda nada. Mas sempre é um fato novo para dar uma relembrada em toda a cadeia produtiva, nos colegas, para que não se caia numa situação de tranquilidade — afirma.
Entre as atividades que estão sendo realizadas no Estado, estão as insepções visuais em ambientes atrativos para aves de vida livre, como espelhos d'água, barragens, lagos e lagunas, o atendimento de notificação e a coleta e análise em laboratório de algum caso com suspeita fundamentada.
Desde o dia 29 de maio até agora, o Rio Grande do Sul permanece com um foco da doença, na na Estação Ecológica do Taim. No Brasil, já são 53 focos em sete Estados — 52 em aves silvestres e um em aves de subsistência.