Muda nada, e muda tudo. A observação sobre o que representa a confirmação do primeiro foco, em aves silvestres, da influenza aviária no Rio Grande do Sul, é da diretora do Departamento de Vigilância e Defesa Sanitária Animal da Secretaria Estadual da Agricultura, Rosane Collares. E reflete duas situações que se colocam com a chegada do vírus ao território gaúcho. O trabalho de prevenção estava fortalecido, o terreno vinha sendo preparado para o enfrentamento. Ao mesmo tempo, entra-se em um novo momento dessa vigilância, com o foco exigindo um alerta ainda maior para evitar que o vírus chegue às granjas comerciais.
Ciente do tamanho do problema, que há anos já vinha sendo uma realidade em países mundo afora, criou-se uma estrutura de prevenção nas esferas pública e privada. Uma espécie de consciência coletiva de que era preciso manter-se sempre alerta. Cuidado esse reforçado quando o vírus foi chegando mais perto, nos vizinhos Uruguai e Argentina.
Em razão disso e, por ser o Estado rota de aves migratórias, equipes de fiscais agropecuários vinham monitorando, inclusive com a ajuda de drones, áreas que entram nessa rota, caso do Taim e da Lagoa do Peixe. Aliás, a espécie silvestre em que se fez o diagnóstico do vírus no RS é a mesma da que teve a confirmação no Uruguai.
Rosane explica que foram feitas coletas em dois momentos diferentes no Taim. As primeiras, quando apareceram essas 36 aves mortas. Foram amostras de cinco aves. Um dia depois, foram detectadas mais aves moribundas. Dessas, também foram feitas coletas. A confirmação de agora é das amostras do primeiro dia.
Só se voltará a fazer coletas de amostras para análise laboratorial na lagoa se houver suspeitas envolvendo outras espécies ou em outro ponto distante desse de agora
A diretora explica que, diferentemente de outras doenças, a coleta para análise é feita quando o animal apresenta suspeita da doença, com sintomas nervosos ou respiratórios, conforme o protocolo estabelecido pelas autoridades sanitárias do Brasil.
— O que muda é que aumenta o nível de cuidados daqueles que já estão tendo cuidado — reforça o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin.
O fato de os registros no Brasil serem em aves silvestres também mantém o status sanitário — e o fluxo comercial — inalterado para a carne de frango produzida no Brasil frente à Organização Mundial de Saúde Animal. Santin lembra que o Ministério da Agricultura analisou mais de 4o mil amostras, o que dá uma média de 1,7 suspeitas investigadas por dia.