Maior exportador mundial de carne de frango, o Brasil aumentou o nível alerta a partir da confirmação do primeiro caso de influenza aviária no país. A ocorrência foi detectada em aves marinhas migratórias no Espírito Santo, conforme nota do Ministério da Agricultura. Neste momento, a situação não afeta o fluxo de negócios, já que os registros não foram detectados em rebanhos comerciais. As autoridades sanitárias reforçam, no entanto, a necessidade de produtores manterem a pleno a prevenção. O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, declarou estado de alerta de emergência.
— Quando começaram os casos na América do Sul, já determinamos um sistema de alerta para estarmos com o risco sempre no nove. Para nós, o que altera é que a influenza chegou no Brasil — pontua José Eduardo dos Santos, presidente da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav).
No comunicado emitido, o Ministério da Agricultura destaca que "a notificação da infecção pelo vírus da Influenza Aviária de Alta Patogenicidade em aves silvestres não afeta a condição do Brasil como país livre de IAAP e os demais países membros da Organização Mundial de Saúde Animal não devem impor proibições ao comércio internacional de produtos avícolas brasileiros". Também por meio de nota, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) reforça o fato de que os registros não interferem no abastecimento interno da proteína e que também não devem afetar o comércio global (leia nota abaixo).
Nota da ABPA na íntegra
Após confirmação oficial do Ministério da Agricultura e Pecuária sobre existência de caso de Influenza Aviária de Alta Patogenicidade em aves marinhas migratórias no Brasil, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) informa que a entidade e todo o setor produtivo, juntamente com a Associação dos Avicultores do Estado do Espírito Santo (AVES) seguem mobilizados para o monitoramento da situação identificada no Espírito Santo, por meio do comitê de crise denominado Grupo Especial de Prevenção à Influenza Aviária (GEPIA).
É importante reiterar que a situação foi registrada em duas aves marinhas migratórias, e não ocorreu dentro do sistema industrial brasileiro, que segue os mais rígidos protocolos de biosseguridade. Por isso, não há qualquer mudança em relação ao abastecimento interno de produtos.
Também não são esperadas mudanças no fluxo de comércio internacional de produtos brasileiros, tendo como princípio as recomendações da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA).
Por fim, a ABPA ressalta que é totalmente seguro o consumo da carne de aves e ovos, segundo informações cientificamente respaldadas pela OMSA, pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) e outros órgãos reconhecidos internacionalmente.
Nota do Ministério da Agricultura
Diante da detecção do vírus da influenza aviária H5N1 em duas aves silvestre no litoral do Espírito Santo, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) informa que:
- Na quarta-feira (10), o Serviço Veterinário Oficial (SVO) iniciou a investigação de suspeita de influenza aviária após notificação recebida pelo Instituto de Pesquisa e Reabilitação de Animais Marinhos de Cariacica, no Espírito Santo
- Foram resgatadas duas aves marinhas da espécie Thalasseus acuflavidus (nome popular Trinta-réis-de-bando), uma localizada no município de Marataízes e outra no bairro Jardim Camburi, em Vitória, ambas no litoral do Espírito Santo
- Material para diagnóstico, amostras biológicas foram colhidas pelo SVO e enviadas ao Laboratório Federal de Defesa Agropecuária de São Paulo (LFDA-SP), unidade de referência da Organização Mundial da Saúde Animal (OMSA), que confirmou se tratar de Influenza Aviária de Alta Patogenicida (IAAP) de subtipo H5N1. Esses foram os primeiros casos de IAAP registrados no Brasil.
- Cabe destacar que a notificação da infecção pelo vírus da IAAP em aves silvestres não afeta a condição do Brasil como país livre de IAAP e os demais países membros da OMSA não devem impor proibições ao comércio internacional de produtos avícolas brasileiros
- A influenza aviária, também conhecida como gripe aviária, é uma doença viral altamente contagiosa que afeta, principalmente, aves silvestres e domésticas. Atualmente o mundo vivencia a maior pandemia de Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP) e a maioria dos casos está relacionada ao contato de aves silvestres migratórias com aves de subsistência, de produção ou aves silvestres locais
- A depender da evolução das investigações e do cenário epidemiológico, novas medidas sanitárias poderão ser adotadas pelo Mapa e pelos órgãos estaduais de sanidade agropecuária para evitar a disseminação de IAAP e proteger a avicultura nacional
- Ao mesmo tempo, as ações de comunicação sobre a doença e as principais medidas de prevenção serão intensificadas no sentido de conscientizar e sensibilizar a população em geral e os criadores de aves, em particular, com destaque para a imediata notificação de casos suspeitos da doença e o reforço das medidas de biosseguridade na produção avícola, incluindo orientações aos diferentes segmentos da sociedade, tanto no meio rural quanto urbano
- Infecções humanas pelo vírus da Influenza Aviária podem ser adquiridas, principalmente, por meio do contato com aves infectadas (vivas ou mortas). Deste modo, lembramos a toda população que, ao avistar aves doentes, acione o serviço veterinário local ou realize a notificação por meio do e-Sisbravet. Não se deve tocar e nem recolher aves doentes.
- O Departamento de Saúde Animal da Secretaria de Defesa Agropecuária do Mapa já notificou a OMSA a respeito da detecção, bem como responderá aos questionamentos da sociedade, como usualmente o faz
- O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, declara estado de alerta de emergência para aumentar a mobilização do setor privado e de todo o serviço veterinário oficial para incrementar a preparação nacional, aumentando a vigilância sobre a pandemia de IAAP