Com a última chuva "significativa" registrada há três meses, os produtores do assentamento Meia Água, em Hulha Negra, na Campanha, vêm, desde então, multiplicando as contas das perdas provocadas pela estiagem. E fará parte do roteiro de comitiva do governo federal que vem ao Estado nesta quinta-feira (23) para ver os estragos da falta de chuva.
— Esta é considerada muito próximo ou pior do que a seca de 89. Hoje, as perdas nos assentamentos chegam a 90% no total (considerando todos os produtos) — afirma Ildo Pereira, assentado e coordenador da Cooperativa Central dos Assentamentos (Coceargs).
Além de grãos como soja e milho, itens como feijão, abóbora, pepino, entre outros, vêm minguando a cada dia sem chuva. Na produção de leite, a situação é ainda mais complicada, porque nas últimas três safras se acumularam danos na produção de milho silagem — usado na alimentação do gado. Não por acaso, um dos pedidos para a União é de liberação de crédito emergencial para cerca de 10 mil assentados com perdas, para a compra de alimentação para o gado. Também se busca acesso ao milho via Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para produtores familiares. Outra ação, mais "estruturante", pontua Pereira, é recursos para irrigação e acesso à água.
Na comitiva que vem ao Estado — e que tem previsão de chegar em Bagé às 11h45 e depois seguir por terra a Hulha Negra —, estarão os ministros do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias, da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, e da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Paulo Pimenta, além de Edegar Pretto, indicado para a presidência da Conab.
Presidente da Famurs e prefeito de Restinga Sêca, Paulinho Salerno estará no local e reforça que a expectativa é de que sejam anunciadas medidas de apoio para o enfrentamento da estiagem. Sobre a ajuda considerada mais urgente, diz:
— Os produtores ficarão com dívidas, terão de renegociar para poder ter crédito na próxima safra.
O cenário a ser visualizado em Hulha Negra, infelizmente, se espalha por todo o Estado. A vinda da comitiva traz um apoio presencial a quem acumula prejuízos. Mas precisa vir acompanhada de anúncios e ações que amenizem, na prática, os efeitos de nova estiagem.