Se é para a beira-mar que as pessoas vão no período de férias, é lá que as feiras de orgânicos também precisam estar. Os espaços organizados para a comercialização de produtos ecológicos nas praias gaúchas surgiram (e vão se multiplicando) a partir da percepção de que havia uma demanda a ser atendida. A coluna mapeou três pontos de venda com itens certificados no Litoral Norte e conta um pouco da história de como foram criados e se mantêm (alguns durante o ano inteiro), alimentando veranistas e incentivando agricultores que trabalham nesse sistema de cultivo.
Atualmente, dos 24,2 mil produtores orgânicos registrados pelo Ministério da Agricultura no Brasil, 3,5 mil estão no Rio Grande do Sul. No Litoral Norte, há pelo menos três feiras orgânicas, onde todos os produtores são certificados.
Primeira parada: Torres
Mais antiga do Litoral Norte, a Feira Ecológica da Lagoa do Violão, conhecida como a Feirinha Ecológica de Torres, começou há 20 anos. Foi quando famílias de produtores agroecológicos dos municípios de Dom Pedro de Alcântara, Morrinhos do Sul, Três Cachoeiras e Torres, que trabalhavam na feira orgânica do Bom Fim, em Porto Alegre, resolveram se unir para criar um ponto de vendas na praia.
— Começamos a ouvir reclamações de alguns moradores dizendo que faltava uma feira no litoral durante o veraneio. E foi muito bom para a gente. Hoje, saímos cedo e conseguimos voltar e almoçar em casa ainda. Em Porto Alegre, fazíamos uma viagem, sem falar do custo — explica Nara Martins, uma das sete feirantes do local.
A pandemia acabou trazendo um impacto para a comercialização, em razão da perda do poder aquisitivo dos consumidores, avalia Nara. Ainda assim, é um espaço importante para os produtores:
— É uma feira muito boa para a gente. Conseguimos vender praticamente tudo o que produzimos.
Ofertando frutas, verduras e legumes de época, molhos, sucos e chimias, a Feirinha Ecológica de Torres é realizada todos os sábados, das 7h às 12h, na ponta sul da Lagoa do Violão, em Torres. O ano inteiro.
Segunda parada: Imbé
Criada há oito anos com o objetivo de escoar a produção local de orgânicos, a Ecofeira de Imbé surgiu de uma iniciativa da Associação Ação Nascente Maquiné (Anama). A organização sem fins lucrativos, em parceria com a prefeitura, acompanhou a transição de agricultores convencionais para ecológicos e procurou mercados.
— Hoje em dia, tem moradores que dizem que, se a gente não vier, não terão o que comer. É o que nos move para enfrentar o período de inverno — conta uma das quatro feirantes do local, Valéria Bastos.
Sobre o ritmo de vendas desta temporada, a produtora de Maquiné avalia que poderia estar melhor:
— Gostaríamos que a feira tivesse mais visibilidade, muitos moradores não sabem que a gente vende aqui.
Além da feira em Imbé, Valéria também comercializa produtos na pronta-entrega em Osório, modelo surgido na pandemia e que acabou ficando.
Com produtos como peixes, farinhas, arroz, chimia, banana, limão e pêssego à venda, a Ecofeira de Imbé ocorre todas as sextas-feiras, das 7h às 11h30, no estacionamento da prefeitura de Imbé, na avenida Paraguassu. Também durante o ano inteiro.
Terceira parada: Xangri-Lá
Mais ao centro está a "novata" Feira Orgânica de Xangri-Lá. Criada há dois anos, surgiu para atender moradores de Porto Alegre que se "refugiaram" na praia, durante a pandemia.
—Todo mundo veio para os condomínios de Xangri-Lá e teve um boom na procura de orgânicos por haver uma preocupação maior com a saúde. A gente pensou 'alguém vai fazer essa feira’. Então procuramos a prefeitura e a Emater para nos ajudar — conta Flávia Requião, jornalista que decidiu, junto com o marido, virar produtora de orgânicos em Xangri-Lá para estarem mais próximos da natureza.
Uma das cinco feirantes do local, ela avalia que o movimento está “muito bom”:
— Temos percebido que as pessoas criaram um hábito de vir à feira, comer orgânicos. A gente está conquistando um público fiel, que vem sempre.
Na Feira Orgânica de Xangri-Lá, que se localiza na praça Ramiro Corrêa, há cosméticos naturais, folhosas, como rúcula, couve, geleia, tomatinho, melancia e cenoura. Essa é a única feira das três que é sazonal. Neste ano, começou em novembro e deve se estender até fevereiro, todos os sábados, das 8h às 12h.
*Colaborou Carolina Pastl