Município que ostenta o título de maior produtor de soja do Rio Grande do Sul, Tupanciretã, no Noroeste, vem sentindo novamente os efeitos da falta de chuva. Neste momento, as perdas se confirmam na cultura do milho, mas também já há impactos sobre o ciclo da oleaginosa: atraso na semeadura, replantio, alta de custos e perda do potencial produtivo. Mas ainda é possível "salvar a lavoura", se a chuva retornar em volumes regulares e bem distribuídos.
— Se voltasse a chover hoje e a condição se regularizasse, seria possível colher níveis aceitáveis. Mas o potencial produtivo já foi afetado — afirma o prefeito Gustavo Herter Terra.
Ele avalia que o agravante, neste ciclo, é o fato de a escassez hídrica ter começado antes em relação ao ciclo anterior:
— No inverno (de 2022) não teve chuva para repor reservatórios, a primavera foi seca e no verão não choveu. Estamos em uma continuidade da seca do ano passado.
Chefe do escritório municipal da Emater de Tupanciretã, Gilberto Welzel, diz que nas lavouras do milho sequeiro (sem irrigação), as perdas estão estimadas em 85%, mas há plantações onde chegam a 100%. Nas áreas irrigadas, a redução em relação ao que se esperava colher no início do ciclo é de 20%. E no milho silagem, destinado à alimentação do gado leiteiro, giram em torno de 80%.
— A soja teve atraso no plantio, as últimas áreas foram plantadas na segunda (16) após ocorrência de chuva no domingo. Sabemos que tem perdas na soja, mas difícil estimar devido à fase da cultura. A projeção, hoje, é de 10 % de perdas no potencial produtivo — pontua Welzel.
Conforme o prefeito, a previsão era que 154 mil hectares fossem cultivados com soja na safra atual, área que caiu para 148,1 mil hectares. Do que foi semeado, aproximadamente 30% teve de ser replantado.
O chefe de escritório municipal da Emater reitera, no entanto, que se o clima a partir dessa semana for favorável até o final do ciclo da cultura, "a grande maioria das áreas tem chance de recuperação". O rendimento, no entanto, não deve ficar dentro do previsto, encostando na média, em torno de 50 sacas por hectare.
Outras atividades produtivas também são afetadas pelo tempo seco, como a produção de leite e a piscicultura. Falta água para consumo humano e material. Desde novembro, a prefeitura vem levando água para abastecimento das comunidades rurais.
Herter contabiliza 480 bebedouros que foram construídos com recursos municipais. Outros 10 tiveram a sinalização de recursos do Estado.