A jornalista Bruna Oliveira colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Desde o começo de dezembro, a Emater tem um novo presidente. Quem responde pelo posto é o produtor e filho de agricultores familiares Christian Lemos. Natural de São José do Norte, entrou para o setor público em 2013. Atuando na instituição desde 2020, na gestão do então presidente Geraldo Sandri, trabalhou em demandas relacionadas à estrutura da Emater, entre elas a negociação de passivos, a reposição do quadro técnico e a formulação de projetos. Em entrevista à coluna, Lemos contou quais serão as prioridades do seu mandato. Leia trechos:
O que está nos planos da nova gestão?
Queremos avançar na questão da gestão, dando melhor condição para os colaboradores e os produtores lá na ponta, que são a razão para a Emater existir. Não pode uma empresa com o valor e o papel que a Emater tem para o Estado do Rio Grande do Sul ficar ano a ano pedindo ajuda para os seus parceiros para complementar o orçamento. Pensamos em estruturar uma gestão profissionalizada, para que a empresa possa ter um planejamento de médio e longo prazo conjugado com a estratégia de desenvolvimento rural do Estado.
O que será prioridade?
Entendo que a prioridade é avançar bastante em tecnologia. A Emater tem 40 sistemas e muitos não se conversam. Precisamos interligar e atualizar para tecnologias que já temos disponíveis no mercado. Vamos buscar parcerias do governo do Estado através da secretaria de Inovação, mas também dos polos tecnológicos. A ideia é que a gente possa ter ferramentas atualizadas. Para o técnico que está no campo, por exemplo, ao invés de anotar na prancheta para depois lançar em sistemas, que ele possa preencher no aplicativo e que essa informação gere dado. A Emater é muito rica em informação, mas ela precisa transformar mais isso em dados. Hoje, 60% da soja que é exportada no Porto de Rio Grande é certificada pela Emater. Antes de ir para o mercado, quase todo o arroz é classificado pela Emater. Não existe nenhuma outra empresa com capacidade similar para fazer as análises de Proagro (seguro rural) de forma tão ágil. Temos capilaridade para atender e a Emater tem o que o mercado precisa. O grande desafio é a gente conseguir comunicar o que é feito. Somos o braço do governo que chega na ponta final.
Em que áreas é necessário avançar?
Entendo que a prioridade é avançar bastante em termos de tecnologia.
CHRISTIAN LEMOS
Presidente da Emater-RS
Vou dar um spoiler. Temos um projeto que ainda está em construção, semelhante a uma proposta de uso da telemedicina em Porto Alegre, com a oportunidade de implantar algo similar no agronegócio. Temos muitos especialistas em áreas específicas, como solo, água, armazenagem, agroindústrias... são diversas especialidades com pessoas que são referência no Estado. A ideia é que possamos olhar para alguns temas específicos para ter um centro de referência de suporte ao técnico no campo. Outro ponto que precisamos avançar é a formação continuada de técnicos e de gestores. Já fomos referência nisso e hoje estamos pecando, precisando dar melhor condição por meio da capacitação.
Recentemente, foi aprovado concurso para a Emater. O que será possível expandir?
O processo seletivo visa repor os técnicos especialmente na ponta e nos municípios onde há mais carência desses profissionais. Esse processo vem no sentido de complementar a nossa estrutura para melhor atender a demanda dos produtores.