Tão única como o bioma Pampa, celebrado neste sábado (17), é a solução desenvolvida por pesquisadores gaúchos para recuperar a vegetação nativa da região. Eles desenvolveram uma colheitadeira que ajuda a "semear" a biodiversidade em campos nativos. Ou melhor, a colher a semente para então plantá-la manualmente.
A ideia partiu de dentro da UFRGS e foi financiada pela ONG BirdLife International. Mestrando em Ecologia, Rodrigo Dutra, também zootecnista e analista ambiental pelo Ibama, desenvolveu a máquina com uma empresa de Santana do Livramento, para parte da sua pesquisa em sementes nativas. A inspiração, conta, veio de um equipamento uruguaio:
— Essas sementes não estão no mercado, estão no campo. Era imprescindível criar uma ferramenta para provê-las.
No momento, a máquina está sendo testada em campo nativo na Estação Agronômica da UFRGS, em Eldorado do Sul, em uma área degradada, onde antes existia uma saibreira. Um dia de campo com colheita demonstrativa foi organizado na última quinta-feira pela Rede Sul de Restauração Ecológica.
Dutra avalia que a tecnologia pode ajudar produtores que queiram retomar a pecuária extensiva em áreas com lavouras ou mesmo na composição de reserva legal.
— E os campos nativos são sustentáveis com gado em cima, porque eles comem só a parte aérea do vegetal.
Para os próximos anos, a ideia é levar o conhecimento para produtores e para o governo, em dias de campo.
*Colaborou Carolina Pastl