A jornalista Bruna Oliveira colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
A primeira mulher a presidir a Associação Brasileira de Angus foi anunciada nesta quinta-feira (24). A responsável por comandar a entidade na próxima gestão será a pecuarista e médica veterinária Mariana Tellechea, titular da Cabanha Basca, de Uruguaiana.
Seguindo o caminho do pai e do irmão, que também presidiram a entidade anteriormente (o pai, aliás, Flávio Bastos Tellechea, foi o primeiro presidente da Angus), Mariana diz que dará continuidade aos projetos já em andamento pela associação da raça, mas com atenção especial a um dos temas mais cobrados do setor: a sustentabilidade.
— Estamos todos juntos, com o maior respeito ao consumidor final e o compromisso de produzir carne de qualidade, com menor custo ao nosso pecuarista e preservando a sustentabilidade. Que cada vez mais tenhamos produtores seguindo essa cartilha, também como maneira de divulgar e atestar que as boas normas de segurança ambiental e animal estão sendo feitas e que a gente procura isso cada vez mais — disse a nova presidente.
Fazendo as honras da diretoria que se despede em janeiro de 2023, o atual presidente Nivaldo Dzyekanski fez um balanço da sua gestão e citou os investimentos em melhoramento genético e pesquisa, principais bandeiras da raça.
— Procuramos investir bastante nessas áreas porque entendemos que é o caminho. É uma raça que anda sozinha, como se diz, mas precisamos ter preocupações sempre ligadas ao futuro. É uma preocupação da Angus com o mundo, com o planeta e as novas gerações, e dentro disso fizemos vários desenvolvimentos técnicos — frisou Dzyekanski.
Nesse sentido, os investimentos em projetos que ajudem a apontar os melhores caminhos para uma pecuária sustentável seguirão tendo atenção especial na entidade. Pesquisas já estão sendo realizadas em conjunto com a Embrapa e outras estão em fase elaboração. Um dos objetivos é reunir informações capazes de mensurar emissões e os reais impactos do setor ao ambiente, adaptados à realidade de produção brasileira.
— O melhoramento genético é um aliado para mitigar a questão das emissões. A genômica é uma realidade e instrumento para selecionar animais mais eficientes e se chegar à pecuária sustentável — acrescentou Mateus Pivato, gerente de fomento da Angus.
Em clima de avaliação do ano que se encerra, Ana Doralina Alves Menezes, gerente nacional do Programa Carne Angus Certificada, destacou que as marcas alcançadas pela raça ao longo de 2022 demonstram retomada. O volume de carne exportado, por exemplo, teve crescimento de 69,4% até outubro frente ao mesmo período do ano passado. Já a produção de carne Angus aumentou 21,6%.
— Estamos conquistando espaço em um mercado bastante exigente, mostrando que o Brasil não é só commodities e está dentro dos padrões de excelência que o mundo consome — avaliou Ana Doralina.
No país, a avaliação é que ainda há espaço para crescer no mercado interno. Neste ponto, o desafio passa por trabalhar para que os cortes de alta qualidade não fiquem restritos ao churrasco, ampliando o mix de consumo com outras opções de cortes, como os dianteiros.
— Temos um grande mercado interno a ser desbravado com educação ao consumo do brasileiro — completa a dirigente.