Com os efeitos da quebra de safra ainda aparecendo na economia gaúcha e um La Niña que indica novo período de pouca chuva no Estado, a irrigação aparece à frente nas prioridades de ação apontadas pelo setor. A coluna consultou líderes de entidades representativas para saber que ação entendem ser a “ficha 1” na lista de tarefas do governador eleito Eduardo Leite. Dois apontam essa temática como a de maior importância.
— Se conseguirmos irrigar a agricultura do RS, dobramos a produção. É a grande saída, principalmente para a produção de milho. Hoje, trazemos de fora, deixando o imposto lá — observa Claudio Bier, presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas do Estado (Simers).
Tem de ser o orçamento da Secretaria da Agricultura. Hoje, dá para fazer muito pouco de programas e manter a máquina pública. Precisamos recursos suficientes para poder alavancar pessoas.
A entidade trabalha em um projeto para que o produtor possa se beneficiar de créditos de ICMS na aquisição de equipamentos voltados à irrigação das lavouras. Segundo Bier, a proposta será entregue ao governador.
Ainda nessa temática, a Federação da Agricultura do Estado (Farsul) reforça a reivindicação para que sejam tratadas questões legais que considera obstáculo ao avanço da irrigação no Estado.
— Licenças ambientais mais flexíveis para reservação de água tanto no Norte quanto no Sul para irrigação, além de licenciamentos mais rápidos na Metade Sul para conversão de campos para a atividade agrícola — pontua o presidente da Farsul, Gedeão Pereira.
Há outros itens que aparecem, no entanto, como prioritários, como tributos com impacto à competitividade de produtos gaúchos o reforço no orçamento da Secretaria da Agricultura, melhorias na logística e segurança no campo.
Terá de mexer na questão tributária do arroz. A falta de competitividade da indústria gaúcha traz impacto direto aos produtores. Essa questão tem de avançar o quanto antes.
Outras ações
- Presidente da Federação das Associações Brasileiras de Criadores de Animais de Raça, João Francisco Bade Wolf entende que a segurança no campo tenha de ser uma prioridade. Sugere o retorno da estrutura anterior das delegacias especializadas no atendimento aos crimes rurais.
- Paulo Pires, presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado (Fecoagro-RS), menciona a desburocratização da questões de defensivos agrícolas, depósito, irrigação e logística para o porto como "os grandes eixos em que o Estado pode ser parceiro do agro".
- Douglas Cenci, coordenador da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Fetraf-RS), vê como prioridade "chamar o conjunto de entidades e instituições do setor para discutir a criação de um amplo programa de incentivo à produção, industrialização e distribuição de alimentos, que contemple as condições de permanência dos agricultores no campo e o combate a fome".