Para quem vinha achando difícil digerir a combinação de fruta mais cara e menos doce, a notícia é “um mamão com açúcar”. O clima mais ameno da primavera costuma estabilizar a produção, o que promete efeito sobre o valor — que não deve, no entanto, voltar ao patamar pré-pandemia. Resultado de um custo de produção em alta, pondera Claiton Colvelo, gerente técnico da Centrais de Abastecimento do Rio Grande do Sul (Ceasa/RS).
O maior preço registrado para a variedade papaya na Ceasa foi no início de julho, entre R$ 10 e R$ 12 o quilo. Na primeira quinzena de agosto, o formosa chegou a ficar de R$ 8 a R$ 8,46 (entre valor mínimo e máximo). Nesta semana, ambos foram vendidos de R$ 6 até R$ 8,46.
Em relação à qualidade da fruta observada por consumidores — um sabor menos doce e uma textura menos suculenta —, as explicações estão na dinâmica da safra e nas regiões de produção. A maior parte do mamão consumido no Estado vem do Nordeste e de parte do Sudeste.
— Em julho, choveu muito nos Estados do Nordeste mais ao Norte, o que diminuiu a oferta e aumentou o preço. Por isso, foi às alturas — esclarece Colvelo.
Nesse contexto, buscou-se acelerar o processo de amadurecimento do mamão. O problema, segundo o gerente técnico da Ceasa, é que, em muitos casos, justamente pela rapidez, a fruta acabou não desenvolvendo o nível de açúcar desejado.
No Rio Grande do Sul, a produção é praticamente inexpressiva, explica o assistente técnico em Fruticultura e Olericultura da Emater, Gervásio Paulus. A região que concentra os pomares é a Noroeste, que também acabou sendo prejudicada, mas pela estiagem e, depois, em julho, pela pouca luminosidade solar:
— Mas é algo (a produção gaúcha de mamão) que não mexe com o ponteiro da comercialização — afirma o extensionista.
*Colaborou Carolina Pastl