Até então vendida como uma fruta exótica e para complementar a renda dos produtores, a pitaia pode passar a ser cada vez mais uma opção de consumo entre os gaúchos. A área plantada com pomares no Estado estabilizou. E o momento agora é de adaptação do produto em relação à demanda, constata o assistente técnico do escritório regional da Emater de Porto Alegre Luís Bohn. Mas como?
A Embrapa está desenvolvendo variedades da pitaia plantada aqui no Brasil, que é de origem mexicana. Os estudos estão voltados ao aperfeiçoamento do sabor e do tamanho, para ganhar competitividade frente a outras frutas:
— Para muitos, a pitaia não tem gosto de nada. E o seu tamanho, que chega a 750 gramas, dificulta a pessoa a levar numa bolsa para fazer um lanche, como é no caso da maçã, por exemplo — justifica o técnico da Emater.
No Rio Grande do Sul, cerca de 180 propriedades cultivam a pitaia, segundo a Emater. O principal motivador é a diversificação da renda. São 110 hectares, distribuídos principalmente na região metropolitana de Porto Alegre e no Litoral Norte, que produzem cerca de mil toneladas todo ano. O principal município produtor é Mampituba, onde Bohn estima que se concentrem 16 hectares.
Em Ibirapuitã, no Norte, o casal Elias e Vanessa Fachi é um exemplo do que ocorre no resto do Estado. Eles vislumbraram a plantação da pitaia em 2018 como uma forma de complementar seu salário: ele trabalha com vendas, ela, como professora. Até hoje, são os únicos com pomares da fruta no município. Com meio hectare, colheram três toneladas dela nesta safra.
O negócio deu tão certo que, além de vender de forma direta, como de praxe entre os agricultores que comercializam essa fruta no Estado, o casal passou a oferecer suco de pitaia com uva branca, geleias de pitaia e até sorvete de creme com salada de frutas — entre elas, claro, a pitaia.
— Foi um sucesso e atraiu pessoas de outros municípios. Diante disso, decidimos criar um restaurante no entorno do nosso pomar de pitaias — conta Vanessa, adiantando que em 30 dias o Recanto dos Pomares, nome do estabelecimento, já deve estar apto para receber clientes, sob reserva.
*Colaborou Carolina Pastl