Preocupante e animador. Assim é vista pelos pecuaristas e pelos frigoríficos, respectivamente, a exportação de ovinos em pé do Uruguai para o Brasil, que, nesta semana, ganhou um facilitador: a habilitação de um posto de controle sanitário no município uruguaio de Artigas, que faz divisa com Quaraí (RS). Antes, os animais comercializados com o Brasil só podiam se deslocar por Aceguá, município que faz fronteira com os dois países e está localizado mais ao Sul do Rio Grande do Sul.
Para a indústria gaúcha, é fato a se comemorar:
— Temos mais demanda do que oferta. Com esse facilitador, vamos ter matéria-prima para esse trabalho — justifica o diretor-executivo do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados no Rio Grande do Sul (Sicadergs), Zilmar José Moussalle.
Segundo o engenheiro agrônomo Jorge Riani, que é presidente do sindicato artiguense, um dos mobilizadores dessa habilitação foi que o Uruguai, no ano passado, perdeu a venda de 20 mil cordeiros para duas comunidades paulistanas interessadas pela então distância entre fronteiras.
Mas nem todo mundo vê com bons olhos. A presidente da Comissão de Ovinos da Federação de Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Elisabeth Lemos, afirmou que o principal receio dos produtores gaúchos com que têm conversado é de uma nova precificação da carne no Brasil:
— A queixa dos produtores é de que haverá uma concorrência muito grande no mercado e os preços do cordeiro irão cair. Sem contar em preocupações sanitárias, já que hoje o Rio Grande do Sul é um Estado livre de aftosa sem vacinação, e o Uruguai ainda está vacinando.
Na próxima segunda-feira (11) deve ser realizada uma reunião com os intermediários uruguaios interessados na operação. Os Ministérios da Agricultura do Brasil e do Uruguai ficarão responsáveis pela coordenação da fiscalização sanitária.
*Colaborou Carolina Pastl