Há uma conquista intangível no certificado obtido há um ano pelo Rio Grande do Sul de zona livre de aftosa sem vacinação. Reconhecido pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE, na sigla em inglês) em 27 de maio do ano passado, o novo status sanitário é um patrimônio que precisa de vigilância constante para que possa ser preservado. Tarefa a ser desempenhada de forma conjunta por produtores e serviço oficial, como pontuaram os participantes do Fórum Estadual de Febre Aftosa, parte da programação da 43ª Expoleite e da 16ª Fenasul.
— O serviço sanitário sozinho não vai conseguir manter o vírus longe do Estado. Neste momento, o principal é entender que temos uma certificação de primeiro mundo e que depende diretamente das ações do produtor — destacou Fernando Groff, chefe da Divisão de Defesa Sanitária Animal da Secretaria Estadual da Agricultura.
A agilidade do pecuarista em repassar suspeitas ou fazer eventual notificação é parte fundamental do processo. Assim como as ações que vem sendo executadas pelo poder público e pela iniciativa privada. Titular da pasta da Agricultura, Domingos Velho Lopes destacou o engajamento “de todo o setor produtivo”. E estima que depois de dois anos sob o impacto das restrições trazidas pela pandemia, os ganhos de mercado com o status possam ser concretizados:
— Tenho certeza de que com essa aproximação da volta ao normal, as cadeias terão competência sanitária na conquista de novos mercados e na manutenção dos existentes.
Do ponto de vista de manutenção da condição atual, há dois desafios no horizonte.
O primeiro, um projeto de lei para fortalecer o Fundo de Desenvolvimento e Defesa Sanitária Anima (Fundesa). Uma das propostas é a de criar categorias diferenciadas de indenização que possam contemplar investimentos feitos pelo pecuarista em genética, por exemplo, em caso de eventual necessidade de abate. O texto está sendo debatido na Agricultura em conjunto com entidades que integram o Fundesa. A meta é trabalhar para levar a proposta do Executivo à Assembleia Legislativa ainda neste ano.
Outro ponto no radar é o banco de vacinas — de novo, para o caso de emergência. Conforme Groff, há duas frentes de negociação. Uma para acordo com bancos internacionais e, outra, para manter um local.